Produção industrial gaúcha completa seis meses sem crescer, diz Fiergs

Sondagem da federação revela quadro de desaquecimento no setor

Crédito: Divulgação/ Assintecal

A pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta segunda-feira, 27, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), revela um quadro de desaquecimento no setor industrial gaúcho em fevereiro, contrariando o que normalmente ocorre no período, pois o mês costuma ser de crescimento. A produção e o emprego caíram em relação a janeiro e, apesar disso, as empresas aumentaram estoques indesejados.

“A produção industrial gaúcha completa seis meses consecutivos sem crescer, com estabilidade entre setembro e novembro do ano passado e queda entre dezembro e fevereiro de 2023”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.

O índice de produção atingiu 46,7 pontos no mês passado, denotando recuo da produção industrial em relação a janeiro. O quadro piora, porém, pois se trata do menor valor desde 2016 para o mês, cuja média histórica é de 52,1 pontos. Da mesma forma, o emprego, que cresceu ininterruptamente entre julho de 2020 e setembro de 2022, caiu pelo quinto mês consecutivo.

O índice, de 48,8 pontos, também foi o menor, desde 2016 para fevereiro, que tem uma tendência de crescer e média histórica de 51,3 pontos, tornando o resultado do emprego ainda mais negativo. Os índices variam de zero a cem pontos, sendo que acima de 50 indicam crescimento e, abaixo, queda na comparação com o mês anterior.

A pesquisa mostra também que a indústria gaúcha utilizou 69% de sua capacidade instalada em fevereiro, dois pontos percentuais acima de janeiro, mas 1,5 ponto percentual abaixo da média do mês. Em outro sinal de desaquecimento, o índice de utilização da capacidade instalada (UCI) em relação ao nível usual, atingiu 41,8 pontos no mês, bem inferior a 50, revelando que os empresários consideraram a UCI muito abaixo do normal para o mês.

EXPECTATIVAS

Também o resultado dos estoques de produtos finais traz uma notícia negativa para o setor industrial em fevereiro, com crescimento em relação a janeiro, permanecendo ainda mais distante do nível esperado pelas empresas. O índice de evolução mensal (52,9 pontos) e o índice em relação ao planejado (53,3 pontos) ficaram acima de 50 no segundo mês do ano. Neste caso específico, valores acima de 50 pontos indicam estoques além do planejado pelas empresas.

Mesmo com tantas adversidades reveladas pela Sondagem Industrial, as expectativas dos empresários gaúchos para os próximos seis meses continuam otimistas, mas bastante moderadas, segundo a pesquisa realizada entre 1º e 9 de março com 181 empresas – 38 pequenas, 59 médias e 84 grandes. Os índices continuam pouco acima da marca dos 50 pontos no mês, mostrando perspectivas de crescimento para a demanda (51,4 pontos), para o emprego (50,7), para as compras de matérias-primas (52) e para as exportações (51).

Em contrapartida, a disposição da indústria gaúcha para investir não se alterou na passagem de fevereiro para março. O índice de intenção atingiu 52,3 pontos, contra 52,2 de fevereiro, valor pouco acima da média histórica de 51,2, o que sugere uma intenção modesta, mas distante dos 62,1 pontos atingidos em setembro de 2022, o pico mais próximo.  Em março de 2023, 57,5% dos empresários gaúchos têm pretensão de investir nos próximos seis meses.