Ata do Copom e indicadores deixam semana econômica agitada

Cenários que levaram o Banco Central a manter a taxa Selic movimentam fatos da semana

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Há quem espere uma semana menos agitada na economia. Entretanto, não será o caso desta segunda-feira, 27. Além de tentar entender como o mercado financeiro absorveu a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pela manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, pela quinta reunião consecutiva, com dados contidos no Relatório Focus, a semana também guarda para terça-feira, 28, a divulgação da ata do encontro do comitê, com a leitura da autoridade monetária sobre o cenário dos próximos meses.

 

Como se isso já não fosse suficiente tem ainda o Relatório Trimestral de Inflação, que sai na quinta-feira, 30, e indicadores de emprego e indústria serão os destaques da agenda doméstica. São elementos suficientes para aumentar a tensão entre a autoridade monetária e integrantes do Governo Federal, alas do Partido dos Trabalhadores, sindicalistas e uma parcela da sociedade civil.

Nas contas externas, o Banco Central divulgará a nota do setor externo na segunda-feira, 27. As projeções apontam um déficit de US$ 4,4 bilhões em transações correntes em fevereiro, com a balança comercial fechando com um superávit de US$ 2,0 bilhões, enquanto as contas de serviços e aluguéis devem apresentar uma impressão negativa de US$ 2,5 bilhões e US$ 4,2 bilhões, respectivamente, pressionadas principalmente por custos de transporte, lucros e dividendos.

ARCABOUÇO FISCAL

O cancelamento da viagem presidencial à China também abre espaço para a apresentação do arcabouço fiscal. Isto porque o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sexta-feira, 24, havia dito que a área técnica do governo já havia concluído o desenho da proposta a ser apresentada ao Congresso Nacional. Crescem os indícios de que a mudança é importante porque pode liberar mais dinheiro para projetos sociais, saúde e educação.

Já a inflação do IGP-M de março será divulgada na quinta-feira. Analistas do mercado financeiro apontam uma alta mensal de 0,10%, levando a taxa anualizada a 0,2%, contra 1,9% em fevereiro. Os preços no atacado agrícola podem acelerar, enquanto os preços no atacado industrial podem apresentar alguma deflação refletindo a queda no preço do diesel.

A semana reserva ainda a divulgação, na quarta-feira, 29, e dados sobre a geração de empregos formais em fevereiro com o Caged e a produção industrial de janeiro na quinta, 30. Os dados sobre emprego deverão ter ainda um mercado de trabalho enfraquecido em fevereiro, com a criação de aproximadamente 180 mil empregos formais, com a taxa de desemprego chegando a 8,6% ou 8,8%.

PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Com relação à produção industrial, os economistas esperam que ela recue 0,8% com ajuste sazonal (-0,4% na base anual) com a mineração/extrativista expandindo 1,3% na base mensal (+4,5% no ano), enquanto o segmento de manufatura deve cair 1,7% frente dezembro (-1,3% no ano), impulsionado por uma forte contração na produção de veículos (-11,4% na base mensal, segundo dados da Anfavea) especialmente no ramo de caminhões e ônibus (-68%).

Também serão divulgados os dados do resultado primário do governo central de fevereiro na quinta-feira, para o qual esperam déficit de R$ 35,4 bilhões. O resultado primário consolidado também será divulgado, e estimamos um déficit de R$ 27,2 bilhões.