Em sua segunda reunião de 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela manutenção, pelo quinto encontro consecutivo, da taxa Selic (taxa de juros) em 13,75%. A decisão foi unânime. Antes disso, em 21 de setembro do ano passado, o Copom interrompeu um ciclo de 12 altas seguidas na Selic, iniciado em março de 2021 quando a autoridade monetária elevou a Selic em 11,75 pontos percentuais, por 12 vezes consecutivas até agosto do ano passado. O Copom se reúne novamente em 2 e 3 de maio.
A decisão foi tomada apesar de pressões do governo Federal, do Partido dos Trabalhadores e de economistas para que a taxa seja reduzida. Antes do comunicado, havia unanimidade no mercado de que a taxa de juros seria mantida no atual patamar, ainda neste encontro de março. No comunicado que acompanha a decisão, o Copom afirma que o ambiente externo se deteriorou desde a reunião de fevereiro, fazendo alusão ao fechamento dos bancos regionais dos Estados Unidos e a crise de liquidez do Credit Suisse.
“Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”, diz o texto. “Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom”, diz o texto.
ESTIMATIVAS
A autoridade monetária observa que a inflação segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. “As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente”, lembra o Comitê.
Para o Copom, as incertezas estão maiores do que o usual. “Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, diz o comunicado que acompanhou a decisão.