O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), anuncia nesta quarta-feira, 22, a tão esperada decisão sobre a taxa de juros em meio a pressão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de integrantes do governo, da área política do Partido dos Trabalhadores (PT), economistas contrários à manutenção do atual patamar e manifestações de trabalhadores em frente à sede do Banco Central na Avenida Paulista, em São Paulo. Este cenário transforma o comunicado do final da tarde desta quarta-feira como altamente relevante. Mesmo assim, a manutenção dos atuais 13,75% se mantêm unânime entre os agentes do mercado financeiro.
Na última reunião realizada em 1° de fevereiro, a opção também foi pela manutenção da taxa de juros nos atuais 13,75%, com um tom mais duro surpreendendo analistas. Entretanto, fatores desde então foram determinantes para aumentar a preocupação, tais como a elevação dos principais indicadores inflacionários, a crise no sistema bancário mundial e a leitura dos analistas reproduzidas no Relatório Focus.
“Os núcleos do IPCA seguem rodando perto de 6%, sem sinais de perda de força. As expectativas de inflação vêm subindo e se afastando das metas, refletindo o risco de sustentabilidade da dívida pública e a possibilidade de aumento das metas de inflação”, aponta Relatório da XP Investimentos.
Mas um elemento pode ser bastante determinante na decisão do Copom. E ele se chama arcabouço fiscal que, oficialmente, teve seu anúncio adiado para abril pelo presidente Lula. Alguns indicativos direcionam para a manutenção da atual regra do teto fiscal sustentado em indicadores inflacionários. Até onde é possível fazer suposições, o adiamento estaria ligado a inserção dos programas sociais dentro do arcabouço, o que Lula prefere deixar de fora.