Haddad: decisão do BC de manter Selic a 13,75% é “preocupante”

Segundo o ministro da Fazenda, atual patamar da taxa de juros pode comprometer o resultado fiscal do país

Foto: Valter Campanato/ABr

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que é “muito preocupante” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, em 13,75% ao ano. Ele ponderou que a taxa é uma das altas do mundo e pode comprometer o crescimento econômico do país.

“Considerei o comunicado do Copom muito preocupante. Em um momento em que a economia está retraindo e que o crédito está com problemas, o Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é hoje a mais alta do mundo. Nós lemos com muita atenção e consideração, mas achamos que realmente o comunicado preocupa bastante”, declarou o ministro.

Haddad afirmou que vai enviar ao Banco Central as considerações do governo federal sobre o atual patamar da Selic. “A depender das futuras decisões, elas podem comprometer o resultado fiscal. Vamos fazer chegar ao Banco Central nossa análise do que é mais recomendável para a economia brasileira encontrar o equilíbrio. O equilíbrio da trajetória da dívida, da inflação, das contas públicas, do atendimento às demandas sociais”, disse.

“Esse conjunto de fatores precisam ser considerados segundo a própria lei que dá autonomia do Banco Central, para que tenhamos melhor trajetória que traga mais bem-estar para o trabalhador, para as famílias, para as empresas e para o Estado brasileiro. É um comunicado preocupante porque abre perspectivas que não são as desejadas por nós”, completou Haddad.

O Copom disse que a decisão de manter a Selic a 13,75% é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, justificou o comitê.