Pesquisa aponta aumento de contas em atraso em fevereiro

PEIC-RS mostra dificuldades das famílias em se manterem adimplentes cin inflação e juros altos

Foto: Marcos Santos / USP Imagens / CP

O volume de Famílias Endividadas atingiu os 91,6%, levemente superior ao mês anterior (90,6%) e abaixo do mesmo período do ano anterior (94,3%). A constatação é da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores gaúchos (PEIC-RS), da Confederação Nadional do Comércio (CNC), de fevereiro e divulgada pela Fecomércio-RS.

“O quadro capturado pela PEIC prescreve bastante cautela. Vimos nessa última edição o percentual de famílias inadimplentes voltar a crescer, algo que pode resultar dos maiores gastos do início do ano em orçamentos que foram muito pressionados pela inflação ao longo dos últimos anos.” comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.

FAIXA DE RENDA

Os dados, por faixa de renda, revelam que 92,1% das famílias com renda menor que 10 salários mínimos estavam na condição de endividadas em fevereiro. No caso das famílias com renda acima deste valor, o percentual foi de 89,6%. Em relação a parcela da renda comprometida com dívidas, o percentual, que estava em 21,1% em no mesmo mês de 2022, registrou 27,3% em fevereiro (27,1% em janeiro), deixando claro o aumento expressivo do serviço da dívida sobre o rendimento das famílias.

Em um cenário de juros elevados em que o crédito foi pilar importante de sustentação do consumo, inclusive de bens essenciais – justamente pela inflação ter corroído o poder de compra das famílias –, as contas que ficam abertas – como no cartão de crédito, tipo mais comum de dívida – crescem rápido, e muitas vezes não cabem no espaço apertado depois do pagamento das contas básicas. Isso ajuda a explicar tanto o maior comprometimento da renda com dívida quanto o elevado número de famílias inadimplentes.

Na virada de janeiro para fevereiro, em que se somam aos gastos as contas de início de ano, o percentual de famílias com contas atrasadas voltou a registrar forte elevação, passando de 36,4% em janeiro para 39,5% em fevereiro. No mesmo período do ano passado, o indicador estava em patamar menor, mas já marcava 32,4%. Esse movimento resultou do avanço no total de famílias com contas atrasadas nos dois grupos de renda: de 42,2% para 45,3% para o grupo de famílias com renda até 10 salários mínios (39,1% em fevereiro do ano passado) e de 13,1% para 16,0% para famílias com renda maior que 10 salários mínimos (6,4% em fevereiro de 2022).

Ainda assim, o percentual de famílias que afirmaram não ter capacidade de quitar ao menos uma parte de suas dívidas no prazo de 30 dias está na mínima histórica (2,0%). No ano passado, esse percentual era de 2,2%, e foi de 2,1% em janeiro deste ano. Entre as famílias com contas em atraso, 46,1% disseram que conseguiriam pagar totalmente suas contas atrasadas no próximo mês, enquanto o pagamento parcial foi citado por 48,9%.