“Por una “Kabça”- origem e procedência

"Este jornal vai ser feito para toda a massa, não para determinados indivíduos de uma facção". Foto: Arquivo CP

Nas minhas ida e vindas ao povoado e à cidade grande, vez por outra pego o ônibus que faz a Linha Itapuã-Porto Alegre cujo motorista do horário em que me bandeio pro povo é o
Cabeça, nascido no Passo do Tatu, filho da dona Lurdes e cujo pai -o Cabeção – e que não me deixa mentir,era violeiro de primeira e quando moço animava as bailantas do Zé Goela no Passo do Quero-Quero
Pois quando piá, terror da vizinhança, o Cabeça aprontava e fazia estripulias nas redondezas. Roubava laranja do pátio do seu Aniceto, ia nadar com a gurizada na Lagoa Negra escondido do olhar da dona Lurdes, com o bodoque na cintura saia no sol quente em direção às Costa do Oveiro pra matar passarinho e até um filhote de capivara trouxe uma vez para casa junto com uns vidros de biotônico fontoura lotado de várias espécies de cobras que ele encontrava pelo Morro da Grota onde se arriscava com mais dois ou tres moleques porque queria ser veterinário ou médico de gente e às vezes passava no galpão dos fundos da casa, abrindo sapo, cascudos e até um gato do vizinho que até hoje o dono não sabe que o animalzinho de estimação serviu para o Cabeça ensaiar alguns passos para médico legista….. na realidade o que o malandro gostava mesmo era de brincar de médico com as gurias…..
Me contaram que quando o Cabeça nasceu, o doutor ficou perplexo que teve até de tomar um chá de camomila entre uma contração e outra…. pois o privilegiado bebê mais parecia uma bola de futebol americano que se assomava para o mundo exterior….
Dona Lurdes mandava ele na venda e dizia: “Cabeçinha, meu filho, vai lá na venda do Tercibaldo e me traz meia dúzia de ovo de avestruz e um kg de batata doce… bota no boné, mimoso e traz prá mãe.”
Depois de crescido impeçou a botar corpo e querer ficar que nem aqueles cueras tapados de músculo que apareciam na Revista de Cultura Física.
Um dia viu o tal de “Brucilí” chinesinho metido à valente que aparecia numas fitas de cinema que ele não perdia nas matinés de domingo do cine Itapuense, levava um cento de gibis para trocar com a gurizada e ainda furava a fila, que era metido esse Cabeça. Daí não parou mais de quebrar telha com a testa privilegiada, de quebrar côco e até umas toras do mato de “ocalitro” do Hospital de Itapuã.
Mas o maior troféu do dito cujo privilegiado de cachola, é que o amigo foi homenageado logo que nasceu por dois famosos compositores , um uruguaio e outro brasileiro, sabem , o tango famoso que todo mundo gosta e que o pai do sorridente e alegre motorista arrisca no violão Tonante com corda de aço ? sim, justamente… “Por una CABEÇA !!!! feito com carinho pela dupla Gardel e Le Pera para Don Luis Costa o famoso condutor do coletivo Itapuã.
Até hoje o pessoal que conhece bem o Cabeça, sabe quando ele está de serviço….de longe se avista o frontispício, aliás primeiro chega a cabeça depois o coletivo com o restante .
Assinado: Tia Picucha ( o outro eu da Maria Luiza Benitez). ( esta é uma homenagem ao amigo Kbça – motorista do coletivo Itapuã, pelo seu aniversário, com carinho, é claro!)