O ex-ministro Eliseu Padilha teve o corpo velado no Salão Nobre Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini, nesta quarta-feira. Além de familiares e amigos, figuras importantes do cenário político nacional e estadual prestaram a última homenagem ao histórico militante do MDB, partido que ajudou a fundar, ingressando em 1966 e permanecendo até a morte, nessa segunda-feira.
Além do governador Eduardo Leite (PSDB) e do vice Gabriel Souza (MDB), passaram pelo salão parlamentares, ex-parlamentares e também o ex-presidente Michel Temer (MDB), que teve Padilha como ministro-chefe da Casa Civil. “Perco um grande amigo. Lamento ter que vir a esse momento, mas há pouco ouvi o seguinte: não se emocionem demais porque o que foi embora foi apenas o corpo, e a alma do Padilha está aí e vai nos iluminar com seu exemplo”, afirmou Temer, no fim da manhã.
O ex-presidente da República, acompanhado do governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), definiu Padilha como o “grande coordenador” do então governo. “Um dos legados importantes é sua característica de formar novos líderes, não só do RS, mas do país inteiro”, disse o vice-governador Gabriel Souza, citando o próprio exemplo e o de Barbalho.
Eduardo Leite relembrou a passagem de Padilha pelos ministérios de três presidente de vertentes diferentes, tendo integrado os governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Temer, além de enfatizar a importância do emedebista no cenário político. “Ele foi um entusiasta de nossa aliança do MDB com o PSDB na eleição passada. Teve uma participação ativa e importante no processo eleitoral e deixamos aqui um reconhecimento desse esforço para ele e para sua família”, ressaltou o governador gaúcho.
Além dele, os ex-governadores Pedro Simon (MDB), José Ivo Sartori (MDB), Germano Rigotto (MDB), Yeda Crusius (PSDB) e Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) prestaram solidariedade à família de Padilha no Piratini, ao longo do dia.
Gravata e “renascimento”
O ex-deputado federal Carlos Marun (MDB), gaúcho com atuação política pelo Mato Grosso do Sul, definiu Padilha como um “professor” quando assumiu o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer, recebendo o auxílio do amigo e correligionário, que já tinha experiência como ministro. “Foi uma figura ímpar, primeiro pela gentileza, depois pela inteligência, perspicácia e organização. Para mim, mais que um amigo e correligionário, foi um professor. É uma perda para o partido, para sua família e para o país”, disse.
Ao lado do deputado federal de São Paulo, Baleia Rossi, que ocupa a presidência nacional do MDB, Marun lembrou de um momento marcante quando, em 2021, Padilha “renasceu” para a política. Em uma visita de Temer ao Estado, Padilha recebeu o ex-presidente, Baleia e demais integrantes partidários em casa. “Ele nos recebeu de gravata, dizendo que há muito tempo não usava. Voltou a fazer o que ele gostava, exercitar a função política, e chegamos a esquecer que o Padilha estava doente. Veio com gás, com força.”
“O Padilha é uma das poucas unanimidades dentro do MDB. Ele se filiou em 1966, um dos primeiros filiados, em um momento de ditadura no país. Ele teve coragem de, desde o início da vida pública, defender a democracia e as liberdades. Deixa um legado como grande liderança”, disse Baleia Rossi, ao deixar a cerimônia no Piratini.