Fenômeno La Niña chega ao fim e RS pode passar a ter chuvas mais frequentes

Maior número de precipitações, contudo, não deve ser suficiente para acabar com a estiagem

Foto: Alina Souza / CP Memória

O fenômeno La Niña, associado a águas mais frias que o normal no Oceano Pacífico, chegou a fim após três anos, anunciou hoje a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA). A notícia já era aguardada ante as condições oceânicas e atmosféricas dos últimos dias. Com o término do evento, a tendência é de que o Rio Grande do Sul comece a ter chuvas mais frequentes, de acordo com a meteorologista da MetSul, Estael Sias.

As precipitações mais seguidas devem ser apenas em certos períodos, como se viu em fevereiro e neste começo do março. Portanto, o adeus ao La Niña não deve causar o fim da estiagem que assola o Rio Grande do Sul. Isto ocorre porque a atmosfera ainda responde por um certo tempo ao padrão predominante até então.

O Pacífico oscila entre três fases possíveis: o La Niña, a neutralidade e o El Niño. Não se passa direto de Niña para Niño ou vice-versa sem um período de neutralidade, seja ele curto ou longo. Muitas vezes neutralidade no sinal das águas do Pacífico é confundida com normalidade, até por meteorologistas, mas são situações diferentes.

Quando o Pacífico Equatorial está neutro, podem ocorrer extremos comuns aos sinais tanto de El Niño como de La Niña. E saindo de um evento de três anos de resfriamento, a tendência nos momentos iniciais da fase neutra é de um padrão ainda mais perto de La Niña. Mais tarde, em meados do outono – mais para o fim – e no inverno e primavera pode se instalar um evento de El Niño, conforme múltiplas projeções de modelos de clima e oceânicos de longo prazo. Aí os sinais da La Niña terão sumido há um tempo.