Endividamento das famílias sobe 0,3 ponto percentual em fevereiro, diz CNC

Segundo pesquisa, 11,6% das famílias relataram não ter condições de pagar as dívidas e 44% têm dívidas atrasadas por mais de 90 dias

Foto: Marcello Casal Jr./ABr

A proporção de famílias brasileiras endividadas cresceu 0,3 ponto porcentual em fevereiro comparado com o mês anterior, para 78,3%, após dois meses de estabilidade. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 8, pela  Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Na comparação com fevereiro de 2022, o crescimento foi de 1,7 ponto porcentual.

O endividamento,  que considera qualquer tipo de dívida, incluindo o uso de cartão de crédito, mesmo que pago em dia, vinha apontando perda de fôlego desde outubro do ano passado, diz o relatório divulgado pela CNC. A alta de fevereiro foi puxada por “vencimentos de despesas típicas do primeiro trimestre (tributos, despesas escolares e contribuições para órgãos de classe, entre outras)”.

Pela pesquisa, a evolução recente do mercado de trabalho, com melhora na renda disponível, e o alívio na inflação acumulada em 12 meses, evitaram novas rodadas de aumento da inadimplência. Em fevereiro, 29,8% das famílias entrevistadas relataram ter dívidas em atraso, 0,1 ponto porcentual abaixo do registrado em janeiro e um aumento de 2,8 ponto porcentual na comparação com fevereiro do ano passado.

INADIMPLÊNCIA

O relatório revela também que em fevereiro a Peic não sinaliza para um alívio continuado na inadimplência. Isso porque 11,6% das famílias relataram não ter condições de pagar as dívidas, mesmo nível de janeiro e 1,1 ponto porcentual acima do registrado em fevereiro de 2022. Entre os inadimplentes, 44% têm dívidas atrasadas por mais de 90 dias. O tempo médio de atraso nos pagamentos foi de 62,7 dias, o maior desde janeiro de 2021.

Ainda conforme o documento, a alta da proporção de endividados em fevereiro foi puxado pelas famílias com renda superior a três salários mínimos. Entre as famílias mais pobres, que ganham até no máximo três salários mínimos por mês, a proporção de endividados caiu de 79,2% em janeiro para 79,0% em fevereiro. Já entre os entrevistados com rendimentos de três a cinco salários mínimos por mês, houve aumento de 78,8% para 79,4%.