O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu manter no governo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Os dois tiveram uma reunião nesta segunda-feira no Palácio do Planalto para falar sobre uma série de polêmicas recentes do ministro, como o suposto uso de um avião da Força Aérea Brasileira e o recebimento de quatro diárias e meia no mesmo fim de semana em que participou de leilões de cavalos de raça, em São Paulo.
O ministro deu a versão dele sobre as acusações e negou qualquer tipo de irregularidade. Além disso, afirmou que está à disposição das autoridades para dar todos os esclarecimentos necessários. Desde que as polêmicas envolvendo Juscelino vieram à tona, Lula passou a ser pressionado pela ala mais ideológica do PT a afastar o ministro. O partido do presidente defendia a saída de Juscelino para que possa se explicar perante a Justiça, visto que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Tribunal de Contas da União (TCU) já foram acionados para que abram uma investigação sobre ele.
Lula, no entanto, optou por não demiti-lo neste momento. O presidente chegou a cogitar um afastamento, mas aceitou a versão trazida pelo ministro nesta segunda. A permanência de Juscelino no posto é respaldada por outros membros do governo, que dizem que ninguém pode ser mandado embora por pré-julgamento.
A decisão de não exonerar Juscelino ajuda, também, para que Lula não crie uma indisposição com a bancada do União Brasil no Congresso Nacional em um momento que ainda busca uma base mínima de apoio dos parlamentares. O ministro é filiado ao partido, dono de uma das bancadas mais expressivas do Legislativo, com 59 deputados e nove senadores. Ao mantê-lo no governo, contudo, Lula disse esperar que o União Brasil vote em peso a favor das propostas que interessem ao Executivo daqui em diante.
Em mensagem nas redes sociais depois da reunião com Lula, Juscelino publicou: “Sai há pouco do Palácio do Planalto, onde tive uma reunião muito positiva com o presidente Lula. Na ocasião, esclareci as acusações infundadas feitas contra mim e detalhei alguns dos vários projetos e ações do Ministério das Comunicações. Temos muito trabalho pela frente.”
Antes do encontro, o ministro disse em vídeo que as acusações contra ele são “uma injusta distorção dos fatos”. “Estou à disposição das autoridades para tratar de tudo que está sobre minha responsabilidade, mas é inaceitável que me envolvam com atos de terceiros. Sou ficha-limpa e não respondo a nenhum processo, e é importante deixar isso bem claro”, destacou.