O governo federal cancelou a reunião agendada para esta terça-feira com funcionários públicos do Executivo para discutir o reajuste salarial da classe. É a segunda vez desde a semana passada que o Palácio do Planalto pede mais tempo para analisar a recomposição dos servidores.
No último mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu um aumento de 7,8% aos funcionários do Executivo, mas os servidores não aceitaram e, em contraproposta, pediram 13,5%. O governo prometeu dar uma resposta até a sexta-feira da semana passada, o que não ocorreu.
Segundo a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, a reunião desta terça não ocorre “exatamente para avaliar melhor a contraproposta das servidoras e servidores”. Em ofício enviado aos funcionários, a pasta informou que espera concluir o processo o mais breve possível.
Dia de protesto
Insatisfeitos com a postura do governo, os funcionários pretendem fazer um dia nacional de protesto, segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques. A decisão deve ser tomada ainda nesta terça.
“Já são dois adiamentos. Esta rodada era esperada com ansiedade por 1,2 milhão de servidores ativos e aposentados e seus pensionistas. Vamos deliberar sobre um dia nacional de protesto, afinal, já são seis anos e dois meses de perdas acumuladas”, disse Maques.
O Orçamento deste ano reserva R$ 11,2 bilhões para que o governo gaste com o aumento dos funcionários do Executivo federal. As associações de servidores entendem que esse valor é suficiente para que recebam os 13,5%.
Entretanto, o governo deve contestar o percentual apresentado, já que pretende incluir dentro da verba disponível os custos para reajustar o vale-alimentação da classe. A proposta inicial formulada pela gestão de Lula previa, além de uma recomposição de 7,8% nos salários, aumentar o benefício alimentar em R$ 200, passando os atuais R$ 458 para R$ 658, uma alta de 43,6%.
No entanto, o Fonacate quer que os R$ 11,2 bilhões sejam usados apenas para reajustar os salários dos servidores e que o Executivo busque outras fontes para aumentar o valor do vale-alimentação. Nas contas da entidade, o governo precisa de mais R$ 1,4 bilhão para resolver a equação.