Apesar da continuidade da chuva ao longo do sábado e madrugada do domingo, a segunda noite de desfiles no Complexo Cultural do Porto Seco ocorreu com mais dez escolas – cinco do Grupo Prata e cinco do Grupo Ouro. Além das agremiações que disputam títulos, um grupo convidado com enredo próprio também passou pelo sambódromo: a Tribo Os Comanches, que já possui 64 anos de história no carnaval gaúcho.
Pelo Grupo Prata, a Protegidos de Princesa Isabel levou para a avenida um samba sobre os sete pecados capitas. Mesmo com poucas pessoas no sambódromo durante seu desfile, a escola mostrou-se animada com os integrantes cantando o samba e contribuindo para o quesito harmonia. A agremiação seguinte, Filhos de Maria, também mostrou um consistente ritmo na avenida e entrosamento entre os membros. Em homenagem às mulheres indígenas, ela trouxe alegorias grandiosas que empolgaram o público.
Assim que a Samba Puro entrou na passarela a chuva se intensificou. O clima, no entanto, não tirou a garra da escola que falou sobre a história da erva-mate com fantasias que evidenciam a força desse produto na história do Rio Grande do Sul. Logo depois, União da Tinga entrou na avenida com um propósito maior: voltar para o Grupo Ouro. Para tanto, a escola fez uma apresentação repleta de energia e um samba que falou sobre a sua própria história. A comissão de frente foi uma das mais aplaudidas da noite, sobretudo, pela coreografia cativante. Fechando o Grupo Prata, tivemos ainda a performance da Unidos da Vila Mapa que exaltou o legado da princesa africana Sara Forbes. As passistas foram um dos pontos altos da passagem da escola, demonstrando samba no pé e domínio da letra do samba-enredo.
O Grupo Ouro iniciou na madrugada com a Império do Sol, escola de São Leopoldo. As fantasias e alegorias da escola chamaram a atenção do público porque traziam um convite ao pensar sobre a habitação, questão central no enredo da Império. Uma das últimas alas estava fantasiada de Constituição Federal, lembrando que a moradia é um direito do povo brasileiro.
Na sequência foi a vez da campeã do carnaval do último ano, a Imperadores do Samba. Buscando permanecer como dona da folia do samba porto-alegrense, ela prestou homenagem ao Theatro São Pedro, lugar histórico da capital gaúcha. Em cerca de 15 minutos de desfile, uma chuva forte tomou conta do sambódromo. Apesar disso, a Imperadores fez uma passagem memorável, sendo a agremiação que levou a maior torcida.
Cantando sobre cultura e influência oriental, a União da Vila do IAPI fez bonito com seu enredo sobre os 60 anos da imigração coreana em solo brasileiro. As alegorias se destacaram pelo tamanho e as fantasias trouxeram várias marcas do país homenageado. A bateria também se sobressaiu com “paradinhas” e “viradinhas” que encantaram as arquibancadas e camarotes.
Com objetivo de ir muito além da amarga sétima colocação em 2022, desta vez, a Estado Maior da Restinga teve um desempenho digno de quem possui reais chances de brigar pelo título. As alegorias expressivas da escola que abordou a história da escrava Anastácia foram destaques, além da evolução e harmonia, quesitos que também podem ajudar a agremiação na apuração das notas.
Finalizando o carnaval 2023 do Porto Seco, a Realeza apostou no tema da diversidade. A letra “Minha alma é de festa. Meu orgulho é resistir!” foi cantada ao longo de toda a escola, que se mostrou bastante harmonizada no desfile. O desfile contou com a presença do humorista carioca Marcelo Adnet, um dos compositores do samba-enredo da entidade carnavalesca.
A campeã do carnaval de Porto Alegre será conhecida nesta segunda-feira em apuração que começará às 14h, no Porto Seco.