Presidente da Petrobras critica política de preços da estatal: “PPI é uma abstração”

Jean Paul Prates não descartou fim da paridade internacional de preços para os combustíveis e disse que estatal vai ser competitiva

Foto: Tomaz Silva / ABr / Divulgação

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, criticou o Preço de Paridade Internacional (PPI) e disse que a estatal vai avaliar a diversificação do mecanismo de reajuste de preços dos combustíveis. Desde 2017, o preço da gasolina, do etanol e do diesel no Brasil acompanha a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional.

“Não existe bala de prata. O próprio PPI é uma abstração, parece que virou um dogma. Não é necessariamente assim. O mercado brasileiro é diferente”, disse. “A Petrobras vai praticar o preço do mercado em que ela estiver atuando. Quem faz preço de mercado é o mercado, a empresa faz condições comerciais. Não faz sentido eu praticar o preço do meu concorrente”, completou.

A proposta deve ser discutida com o conselho da Petrobras e com o governo federal. “O PPI foi essencial para os importadores, não quer dizer que ele seja essencial para a Petrobras. Ele pode ser o melhor preço em alguns casos ou pode não ser”, comentou Prates, que sempre criticou o modelo.

Desde que tomou posse como presidente da Petrobras, ele vem se reunindo com o presidente Lula e com a equipe econômica do governo para discutir os preços dos combustíveis. O chefe do Executivo também não concorda com o modelo do PPI.

Em outras ocasiões, Prates sugeriu que o governo adote um “colchão de amortecimento” para que o preço pago pelo consumidor nos combustíveis não sofra variações drásticas nos postos de combustíveis. A ideia é que esse fundo seja financiado com o dinheiro que a estatal paga ao governo brasileiro mensalmente.

Jean Paul também mandou um recado para os acionistas da empresa, que ficaram preocupados com as mudanças na estatal. “Vamos fazer o melhor funcionamento possível para o mercado e para nós”, disse. “Nosso desafio é mostrar que ser sócio do governo brasileiro tem que ser uma vantagem, não uma desvantagem. Vamos comandar mostrando para o acionista que é bom estar ali.”

Mais cedo, questionado sobre possíveis mudanças na política de preços da Petrobras, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que as alterações no Preço de Paridade de Importação (PPI) da empresa fazem parte da agenda do Ministério de Minas e Energia (MME).

“Vamos colocar os nossos melhores quadros à disposição do MME para encontrar alternativas para que não pesem no bolso do consumidor as eventuais variações do preço internacional (do petróleo), que penalizaram muito a população no último governo. Chegou-se a pagar R$ 10 no litro da gasolina”, afirmou.