Lula transfere comando da Abin para a Casa Civil

Agência de Brasileira de Inteligência deixa Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e fica subordinada ao ministro Rui Costa

Foto: Reprodução/Abin

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) passa a integrar a Casa Civil da Presidência da República e deixa de fazer parte do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira.  Com a mudança, a Abin fica subordinada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, e deixa de ser comandada pelo general Gonçalves Dias.

O presidente já vinha ventilando a intenção de promover a mudança, sobretudo após os atos de extremistas que depredaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. Um relatório sigiloso enviado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ao Congresso Nacional mostrou que o governo federal havia sido informado sobre eventuais ataques.

A Abin relatou que identificou a convocação de diversas caravanas com direção à capital federal. No texto, a agência teria informado sobre os potenciais distúrbios, mas nada foi feito. De acordo com interlocutores, Lula teria ficado incomodado com a falta de ação do general Gonçalves Dias.

O relatório do GSI foi enviado a órgãos do governo e, depois, em 20 de janeiro, à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência (CCAI). Ele foi assinado pelo chefe do GSI, Gonçalves Dias. O alerta, por sua vez, foi feito pela Agência Brasileira de Inteligência, subordinada ao GSI.

O relatório sigiloso produzido pela Abin contrasta com as declarações de Lula. Desde os ataques, o petista tem criticado as forças de segurança do Distrito Federal pela suposta ausência diante dos ataques extremistas. Em 12 de janeiro, Lula recebeu os jornalistas para um café da manhã e afirmou estar convencido de que alguém abriu as portas do Palácio do Planalto para que os extremistas invadissem e depredassem o prédio.

“Estou esperando a poeira baixar, mas quero ver as fitas que foram gravadas dentro do Supremo Tribunal Federal, do Planalto. Teve muita gente conivente, muita gente da PM conivente, muita gente das Forças Armadas conivente. Estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada, significa que alguém facilitou a entrada”, disse Lula na ocasião.