Leite garante punição a eventuais servidores coniventes com trabalho análogo à escravidão na Serra

Governador também anunciou a criação de uma força-tarefa para intensificar fiscalização em alojamentos que recebem trabalhadores

Foto: PRF/Divulgação

O governador Eduardo Leite anunciou, nesta terça-feira, que vai colocar a Corregedoria da Brigada Militar à disposição para apurar a eventual participação servidores da segurança pública em atos de coação aos trabalhadores explorados na Serra gaúcha. A medida, aprovada em reunião emergencial do tucano com integrantes do primeiro escalão do Executivo estadual, decorre do resgate de mais de 200 trabalhadores em condições análogas à escravidão, na quarta-feira passada, em Bento Gonçalves.

Após o encontro, no Palácio Piratini, Leite também anunciou a criação de uma força-tarefa governamental para intensificar a fiscalização em alojamentos, para verificar as condições oferecidas aos trabalhadores em colheitas como as da uva. A Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae), segundo ele, vai trabalhar em conjunto com o aparato fiscalizatório.

Ainda nesta tarde, representantes do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) se reúnem, em audiência telepresencial com a empresa contratante dos 207 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra. As vinícolas que se valiam da mão de obra contratada também enviaram representantes às reuniões.

O MPT-RS também vai constituir um Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF), também uma espécie de força-tarefa interestadual, com procuradoras e procuradores, para atuar no combate ao problema.

Relembre

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou, na quarta-feira passada, 207 trabalhadores em situação semelhante à escravidão em Bento Gonçalves. Segundo o órgão, a mão de obra era empregada na colheita da uva e no abate de aves.

Um homem de 45 anos, natural de Valente, na Bahia, está preso desde então. Dono de uma empresa terceirizada, ele é apontado como o responsável por manter as condições em que foram encontrados os trabalhadores. A empresa dele, segundo a PRF, mantinha contratos com diversas vinícolas da região.

Dos 207 resgatados, a maioria já voltou para o estado de origem – Bahia -, e outros quatro preferiram permanecer no RS. Nove dos trabalhadores são gaúchos, oriundos de Montenegro, Carazinho, Rio Grande, Marau e Portão.