Trabalhadores resgatados em Bento Gonçalves são atendidos por força-tarefa

As vítimas, encontradas em situação análogas à escravidão, estão abrigadas no ginásio municipal da cidade

Foto: PRF / Divulgação / CP

Após o resgate de mais de 200 trabalhadores nordestinos em condições análogas à escravidão na Serra gaúcha, uma força-tarefa foi montada para atender as vítimas, que pedem o pagamento correto do trabalho para conseguirem retornar à Bahia. As vítimas foram localizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na noite da última quarta-feira em um alojamento na rua Fortunato João Rizzardo, no bairro Borgo, em Bento Gonçalves. Outras foram encontradas nos parreirais da região ao longo dessa quinta-feira. Todas foram contratadas para o trabalho de colheita da uva e abate de frangos.

A denúncia foi feita por um grupo que conseguiu escapar do local e levar o caso à PRF. De acordo o relato dos trabalhadores, eles teriam sido submetidos a jornadas exaustivas, recebiam comida imprópria para consumo, só podiam comprar produtos em um único estabelecimento, com desconto salarial e preços elevados, e eram mantidos vinculados ao trabalho por supostas “dívidas” contraídas com o empregador.

Todos os trabalhadores estão prestando depoimentos. O Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul foi chamado a auxiliar nos trâmites de regularização e na negociação com empregadores para pagamento de verbas rescisórias e garantia de transporte de retorno para os trabalhadores.

Já a Prefeitura de Bento Gonçalves também atua no atendimento aos trabalhadores. Na quinta-feira, a prioridade da atuação foi o suporte para transporte e alojamento temporário deles, Através da Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social (Sedes), o Ginásio Municipal de Esportes foi disponibilizado para receber 206 pessoas. A Guarda Municipal faz a segurança.

Houve a montagem de uma estrutura de campanha com logística, alimentação, banho com a disponibilização de itens de higiene, equipe de saúde para atender as vítimas, além de equipe da assistência social para solicitação de documentos ou outros serviços, bem como roupas doadas. Houve ainda o empréstimo dos colchões.

O prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira ressaltou que “assim que fomos informados da ação nos colocamos à inteira disposição das autoridades para ajudar no que for possível. Nós, enquanto administração, estamos honrando a trajetória de nossa cidade e cuidando do atendimento, da alimentação e da saúde dos trabalhadores resgatados, enquanto as forças federais se ocupam do trabalho de investigação”.