Os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, devem chegar por volta do meio dia ao assentamento Conquista da Fronteira, em Hulha Negra, local escolhido pelo governo federal para ver in loco os prejuízos da estiagem no Rio Grande do Sul. Segundo a prefeitura de Hulha Negra, o maior impacto da seca é sobre as culturas de soja e milho, ambas fundamentais para a economia municipal e que já acumulam perda superior a R$ 38 milhões.
De acordo com Cleonice Back, coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS) e que representa a entidade no encontro com os ministros, a visita terá início na propriedade de uma família do assentamento, almoçando mais tarde no local onde serão feitos os pronunciamentos de Fávaro, Teixeira e demais autoridades.
Entre os municípios de Hulha Negra, Candiota e Aceguá, são 58 assentamentos, que abrigam cerca de 2 mil famílias e cerca de 7 mil pessoas. Pelo menos 800 propriedades pequenas da região foram castigadas pela falta de chuva.”Nós estamos dialogando com o governo desde janeiro e vamos reforçar que não se trata apenas de uma estiagem, mas do terceiro ano de estiagem”, aponta Cleonice.
A dirigente diz que os R$ 430 milhões anunciados na quarta-feira pelo governo federal são muito importantes para o socorro emergencial, mas que a ajuda não pode parar aí. “Não podemos mais aguardar por medidas estruturantes, elas precisam vir para impedir que o quadro siga se repetindo”, comenta, lembrando a urgência em se fazer investimentos na reservação de água (cisternas e açudes) e na irrigação.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, também reverencia a verba emergencial anunciada pelo governo, mas ressalva que ela contempla apenas os mais necessitados no momento. ” Isso é bom, com certeza, mas não responde às demandas apresentadas pela Fetag aos ministérios”, diz. Joel acrescenta ainda que a hora é de deixar de lado os “ranços” políticos e unir as forças dos governos federal, estadual e municipais para encontrar soluções de longo prazo.
Em documento entregue na semana passada ao ministro Paulo Teixeira, a Fetag pediu recurso para equalizar a prorrogação das operações de Pronaf custeio e de Pronaf investimento vencidas e vincendas no período de 01 de janeiro a 31 de julho de 2023; rebate de 35% sobre a parcela vencida ou vincenda aos agricultores que irão liquidar dentro do cronograma de reembolso no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2023; crédito emergencial, com teto de financiamento de até R$50 mil por mutuário, prazo de reembolso de até 10 anos e bônus de adimplência de 30% para a reestruturação produtiva das propriedades e fortalecimento dos estoques de milho e subsídio de 30% para o produtor adquirir o produto nos armazéns credenciados através da Conab, entre outras medidas.
O governador Eduardo Leite, conforme informado pela assessoria de imprensa do Palácio Piratini no final desta manhã, irá nesta tarde ao encontro da comitiva do governo federal. Seis secretários de governo estão presentes em Hulha Negra.