Mais de 35 mil alunos voltam às aulas no ensino fundamental de Porto Alegre

Cerimônia com presença do prefeito Sebastião Melo marcou a retomada em escola do bairro Rubem Berta

Emef Porto Novo, no bairro Rubem Berta, recebeu os alunos desde o jardim até o 9º ano, nesta quarta-feira. | Foto: Ricardo Giusti / CP

Risadas, conversas e muita empolgação. Foi assim a volta às aulas no ensino fundamental da rede municipal de ensino em Porto Alegre. Foram 35,6 mil alunos retornando em 56 escolas da Capital, cheios histórias pra contar das férias e de expectativas para esse ano letivo. Um evento especial marcou a retomada na Emef Porto Novo, no bairro Rubem Berta, que atende 518 estudantes, em turno integral. Antes de se dirigirem às salas, as crianças e adolescentes se divertiram no pátio da escola, com música e atividades lúdicas. No local, a EPTC deu início à Operação Volta às Aulas 2023, com o mascote Azulito animando os presentes e conscientizando sobre os cuidados com o trânsito. Do lado de fora, agentes monitoravam o trânsito e orientavam motoristas.

Quem chegava na instituição de ensino já se deparava com a festa de recepção. Foi o caso da Manuela, de 7 anos, que vai começar na escola nova o 2º ano do ensino fundamental. O pai, Miguel Freitas, conta que ela estudava em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, mas veio para próximo da casa dele, devido à qualidade do ensino no local. “Eu sou motorista de aplicativo, então tenho horário flexível para acompanhar mais de perto os estudos dela. E a escola é maravilhosa, de muita qualidade”, explica ele. Agora, o desafio de Miguel é conseguir uma vaga para a enteada Isabela no 5º ano da Emef Porto Novo. Porém, não vai ser fácil. Segundo dados da secretaria da escola, por ser a única instituição de ensino integral na região, a concorrência é grande, principalmente do 3º ao 7º ano.

A educação em tempo integral também é uma das preocupações do Executivo municipal, segundo o prefeito da Capital, Sebastião Melo, que esteve presente na cerimônia de volta às aulas. “A educação é o caminho para o nosso País ter uma vida melhor pra todos os cidadãos. E, hoje, nós temos uma evasão escolar enorme, aprendizagens deficitárias, uma escola que não é atrativa e o ensino integral ainda não é uma realidade do país, é um percentual muito baixo”, observa Melo. Também presente na ocasião, a Secretária Municipal de Educação, Sônia Rosa, afirmou que o município possui 5 escolas integrais e parcerias com Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que oferecem atividades no contraturno escolar.

São três os principais projetos destacados pelo poder público para o ensino municipal. O Alfabetiza+POA envolve aproximadamente 300 professores especializados para garantir a alfabetização na idade certa em turmas de 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, voltado a 7 mil estudantes. Para os maiores, do 3º ao 9º ano, foi criado o RecomPOA, focado em recompor habilidades perdidas na pandemia de 26,3 mil alunos. Além disso, há a Correção de fluxo, que visa a diminuir a distorção idade/ano de 450 estudantes. O prefeito ainda destaca que está em fase de implantação um fundo financeiro pensando no futuro dos estudantes. “É uma espécie de poupancinha para os alunos, que vão receber anualmente, e vão ficar com essa poupancinha até o final dos estudos, para poder, quando chegar no final, ter um dinheirinho pra poder se tornar um microempreendedor”, detalha.

Outros desafios

A infraestrutura também é um tema recorrente no setor do ensino. Durante a volta às aulas da Emef Porto Novo, por exemplo, a instituição ficou sem luz assim que as turmas foram encaminhadas pelos professores para suas salas. A diretora da instituição, Carolina Derosi, afirmou que a previsão de retonro informada para ela pela CEEE Equatorial, seria de mais de uma hora. Porém, após cerca de 20 minutos, a luz voltou. Ao Correio do Povo, a CEEE Equatorial informou que já havia um desligamento programado para a região, para a realização de melhorias na rede elétrica, que teria sido divulgado previamente no site da empresa.

Dentre os demais desafios enfrentados pelas equipes está uma inclusão de qualidade. Em conversa com professores, a reportagem identificou que a preocupação com a falta de monitores para crianças e adolescentes com deficiência preocupa. De acordo com a secretária de Educação da Capital, em 2022, foram contratados 260 monitores e, sabendo da importância do tema, há um departamento específico para a educação inclusiva na pasta. “A questão dos monitores ainda está aquém daquilo que se quer, mas nós estamos trabalhando fortemente para resolver todas essas questões de recursos humanos e poder inserir esse aluno no contexto da educação integral como um todo”, afirmou a secretária.