Caso Gabriel: Justiça Militar ouve 14 testemunhas no Foro de São Gabriel

Em agosto do ano passado, o jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, apareceu morto após ser abordado por três policiais militares

Intensas buscas foram até a localização do corpo da vítima em um açude na localidade de Lava Pé | Foto: Batalhão de Aviação da Brigada Militar / Divulgação / CP

A Justiça Militar prossegue nesta quinta-feira com as audiências de oitivas do Caso Gabriel no Foro de São Gabriel, na Fronteira Oeste do Estado. Em agosto do ano passado, o jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, apareceu morto após ser abordado por três policiais militares, sendo um sargento e dois soldados, que encontram-se presos. Eles estavam recolhidos no presídio militar da Brigada Militar.

Um total de 14 testemunhas estão sendo ouvidas, sendo que sete já prestaram depoimentos nessa quarta-feira e outras sete vão comparecer nesta tarde. Conforme a Justiça Militar, tratam-se testemunhas de acusação e de defesa, além das referidas, que foram mencionadas por outras ao longo do processo.

No final desta manhã de quinta-feira, a Justiça Militar fará ainda uma inspeção judicial na localidade de Lava Pés, onde o corpo da vítima foi encontrado após intensas buscas da Brigada Militar, Batalhão de Aviação da BM e do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul na região.

O CASO

Gabriel estava desaparecido desde o dia 12 de agosto e foi localizado morto em um açude, na localidade de Lava Pé, no dia 19 do mesmo mês. Morador de Guaíba, o jovem estava em São Gabriel para prestar serviço militar obrigatório. As investigações apontaram que ele foi abordado pelos três policiais militares e levado na viatura. Depois disso, ele não foi mais visto com vida.

A Polícia Civil concluiu o inquérito em setembro e apontou que ocorreu homicídio triplamente qualificado. As qualificadoras atribuídas ao crime foram motivo fútil, emprego de tortura e utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. No mesmo mês, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) encaminhou a denúncia ao Poder Judiciário.

Segundo o laudo do Instituto-Geral de Polícia (IGP), o jovem morreu por hemorragia interna, provocada por um objeto contundente. O sangramento ocorreu a partir de golpes dados na coluna cervical. A hipótese de morte por afogamento foi assim descartada. O laudo vai ao encontro de relatos de testemunhas, que afirmam que Gabriel teria levado um tapa, caído e batido com a cabeça no chão, sendo, então, algemado e agredido com um cassetete.

Já na Justiça Militar, os brigadianos são réus por ocultação de cadáver, pois o corpo foi literalmente descartado no açude, e por falsidade ideológica, visto que os policiais militares realizaram o boletim de ocorrência justamente visando esconder o que havia ocorrido, falseando com a verdade. O processo está na etapa de oitiva de testemunhas.