Blocos de rua enfrentam dificuldades e vivem incertezas no Carnaval em Porto Alegre

Faltando poucos dias para a festa, a prefeitura da Capital e organização ainda discutem elaboração de edital

Foto: Lamartini Schulz Jr / SMC / PMPA / CP

A festa dos blocos de carnaval de rua em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre vive um momento de incerteza e impasse. Faltando poucos dias para as datas previstas das celebrações carnavalescas, nem a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC) e nem os representantes dos blocos sabem com clareza como a situação irá se transcorrer.

No começo do mês, uma reunião no auditório do Atelier Livre do Centro Municipal de Cultura buscou costurar a elaboração de um edital com fomento para as agremiações. Entrentanto, após uma semana, os debates ainda não avançaram. A SMCEC garante que trabalha para progredir nas tratativas e nos moldes. Em contato com o Correio do Povo, a pasta pontuou que ainda não tinha novidades até a tarde desta quinta-feira.

Porém, a projeção de prazo e a demora frustram os representantes dos blocos. “A prefeitura novamente se atrasou na organização. Tivemos uma reunião para um fomento na semana passada, mas isso tem um processo legal, um edital, tem tempo para abrir, dar respostas e isso é coisa para 90 dias. Vai ser julho já”, pontuou o presidente do Ziriguidum, Flávio Muller.

Esta será a primeira vez que os blocos de rua vão sair em Porto Alegre desde a pandemia da Covid-19. “Ficamos dois anos sem. Esse será o oitavo carnaval com os blocos participando de maneira forte. Destes oito, a prefeitura participou de seis”, resumiu Muller.

O presidente do Bloco do Isopor da Cidade Baixa, Leandro Queiroz, explica que a baixa celeridade para resolução do processo frustra os foliões. “Essa mudança de edital chega sempre na época do carnaval. Nunca sabemos o que vai acontecer e não conseguimos nos programar e nos preparar da melhor maneira”, avaliou.

Queiroz pontua que seguirá em compasso de espera e aguardando a melhor resolução possível com o Executivo. “Somente depois disso vamos saber datas e horários e quais os blocos que poderão participar”.

Festas devem acontecer de maneira independente

Muller reconhece que, a ausência de apoio, reduz a estrutura e magnitude do evento, mas garante que a festa não irá parar. “Vamos caminhar para um evento com pouco gasto (…) não será nada grandioso”.

O Ziriguidum realiza oficinas, ensaios e busca recursos próprios para bancar seu carnaval. O bloco também aposta em parcerias. “Somos um bloco pequeno, pobre, não tem dinheiro, convivemos com o dinheiro que fazemos. Ideia é fazer autogestão. É isso que mantém o bloco. Estamos buscando independente do Carnaval, da Prefeitura. Claro, não temos a estrutura que teríamos com a Prefeitura. Acabamos fazendo de uma maneira mais simples”, sintetizou.

Conforme Queiroz, o Bloco do Isopor irá buscar maneira para fazer sua festa caso seja necessário de maneira independente. Porém, garante que buscará alinhar os festejos com a Prefeitura. “Faremos esse esforço”. O bloco Areal do Futuro mantém a animação, apesar das incertezas. “Vamos igual para a rua”, projetou Daniel Guaranha.