Servidor de Ciência, Tecnologia e Inovação, Augusto Gadelha assume o Ceitec

Aprovação ocorreu no mesmo dia em que governo federal anunciou grupo de trabalho para reverter liquidação da empresa

Foto: Alina Souza/Correio do Povo

Em uma assembleia, na tarde desta quarta-feira, o professor Augusto Cesar Gadelha Vieira teve o nome confirmado como novo gestor do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A (Ceitec). A aprovação ocorreu no mesmo dia em que a Presidência da República anunciou a instituição de um grupo de trabalho interministerial para estudar a reversão do processo de desestatização e liquidação da empresa federal. Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ceitec atua no desenvolvimento e na fabricação de semicondutores (chips).

A empresa é a única na América Latina capaz de desenvolver um chip da concepção à aplicação final. Com sede em Porto Alegre e criado em 2008, o Ceitec projeta, fabrica e comercializa circuitos integrados para diferentes aplicações, desempenhando papel estratégico no desenvolvimento da indústria de microeletrônica do Brasil. Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, a empresa entrou na relação do Programa de Parcerias e Investimentos, para ser privatizada, e um decreto autorizou a liquidação, ainda em 2020. O processo de fechamento, porém, parou em 2021, por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que ainda não concluiu o julgamento.

“Ninguém produzia mais nada, era só a manutenção do ativo, como a estrutura do prédio. Para nós, a escolha do professor Gadelha vai somar, diferente do liquidante que estava lá até então”, afirmou o presidente da Associação de Colaboradores e Ex-Colaboradores da empresa (Acceitec), Silvio Luís Júnior, referindo-se ao oficial da Marinha Abílio Eustáquio de Andrade Neto, nomeado pela gestão federal anterior. A entidade espera que um plano de negócios seja avaliado a curto prazo, para recuperar a empresa e, em seguida, um planejamento a médio e longo prazo para restabelecer o papel do Ceitec no cenário tecnológico do país. “Esperamos que o Rio Grande do Sul retome o protagonismo na área”, completou.

Professor do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o novo gestor do Ceitec era, desde 2015, diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCTI). Gadelha já exerceu, ainda, os cargos de diretor do Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, secretário nacional de Política de Informática (SEPIN/MCT) e diretor do Departamento de Informática do SUS, no Ministério da Saúde (DATASUS/MS).

A expectativa do MCTI é reverter a liquidação do Ceitec e dar mais autonomia ao Brasil na produção de chips. O objetivo do governo federal é a inclusão do Ceitec no fomento da política de pesquisa e desenvolvimento de semicondutores.