Governo espera que 80% dos garimpeiros deixem terra yanomami ao longo da semana

Flávio Dino disse que já há um fluxo de saída "na casa dos milhares"

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira, que o governo federal espera que 80% das cerca de 15 mil pessoas envolvidas no garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, saiam do território ao longo desta semana.

Segundo o ministro, já há um fluxo de saída “na casa dos milhares”. A expectativa é que a saída da maioria dos garimpeiros ocorra antes do início da operação policial coercitiva – que deve envolver apreensão e destruição de equipamentos, destruição de pistas clandestinas e eventuais prisões em flagrante.

Dino disse que o governo não vai prestar apoio aéreo para a saída dos garimpeiros do território. A solicitação partiu do governador de Roraima, Antônio Denarium (PP). “Não temos como empregar aeronaves públicas para apoiar pessoas que estavam praticando um crime. Claro que estamos nesse momento permitindo que essas pessoas saiam pelos seus próprios meios”, afirmou. Não há estrada que ligue o território ao resto do Estado e há relatos de pessoas ilhadas, com dificuldades para conseguir transporte aéreo.

O ministro destacou, contudo, que a “situação social” relacionada às pessoas que serão retiradas do território é tópico de preocupação do governo. De acordo com Dino, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vem se reunindo com Denarium para tratar do assunto.

Ainda nesta segunda-feira, Dino atendeu a pedido da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Ministério dos Povos Indígenas para ampliar a segurança nas bases do órgão indigenista e dos postos de saúde. O motivo é o fluxo intenso de saída de pessoas. “Mais de 100 integrantes da Força Nacional estarão chegando entre hoje e amanhã (terça-feira)”, afirmou o ministro.

Indígenas dizem que três yanomami foram assassinados em Roraima

Três jovens indígenas yanomami foram assassinados por garimpeiros, na região do Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, divulgou nesse domingo Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Codisi-YY), uma das principais lideranças da região de Surucucu, no extremo oeste do estado e próxima à fronteira com a Venezuela. Segundo o relato, eles foram atingidos por disparos de arma de fogo.

Ainda não há informações sobre o resgate dos corpos. A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a Polícia Federal (PF) para obter informações sobre o caso, mas ainda não obteve retorno.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, passou uma noite no polo base de Surucucu, nesse domingo, para ver de perto a situação dos yanomami. Ela também sobrevoou diversos pontos de exploração ilegal de minérios no território.

Afetados pela presença do garimpo ilegal há anos, os indígenas yanomami vêm sofrendo com casos de desnutrição, doenças como malária e pneumonia, além de violência, incluindo episódios de assassinatos e agressões. A situação se agravou nos últimos quatro anos.

Também nesse domingo, mais uma criança indígena morreu vítima de desnutrição grave e desidratação. Equipes médicas chegaram a pedir a remoção para Boa Vista, mas o mau tempo na região impediu a decolagem da aeronave.