No Uruguai, Lula volta a falar em “golpe” e Temer reage no Twitter

Deputado federal gaúcho anunciou que pretende entrar com um pedido de impeachment do presidente da República

Foto: Beto Barata / PR / Divulgação

Depois de ser, mais uma vez, chamado de “golpista” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dessa vez no Uruguai, o ex-presidente Michel Temer (MDB) reagiu, no Twitter, na tarde desta quarta-feira. Dezesseis dias depois de ter compartilhado uma matéria da revista Veja, em que pedia a pacificação do país e defendia punição aos radicais que atacaram as sedes dos Três Poderes, o emedebista publicou uma “nota oficial” dizendo que, mesmo depois de vencer as eleições, Lula “parece insistir em manter os pés no palanque e os olhos no retrovisor”.

Em Montevidéu, o petista afirmou ter recebido um “país semidestruído” ao voltar ao governo. “Hoje o Brasil tem 33 milhões de pessoas passando fome. Significa que quase tudo o que fizemos de benefício social no meu país, em 13 anos de governo, foi destruído em seis anos, ou em sete anos, nos três do golpista Michel Temer e quatro do governo Bolsonaro”, afirmou Lula.

“Ao contrário do que ele [Lula] disse hoje em evento internacional, o país não foi vítima de golpe algum. Foi na verdade aplicada a pena prevista para quem infringe a Constituição”, rebateu Temer.

O ex-presidente frisa que o governo dele teve resultados positivos na economia na comparação com 2015, quando Dilma Rousseff (PT) ainda conduzia o Palácio do Planalto.

“Sobre ele ter dito que destruí as iniciativas petistas em apenas dois anos e meio de governo, é verdade: destruí um PIB negativo de 5% para positivo de 1,8%; inflação de dois dígitos para 2,75%; juros de 14,25% para 6,5%; queda do desemprego ao longo do tempo de 13% para 8% graças à reforma trabalhista”, ressaltou Temer.

“Recuperação da Petrobras e demais estatais graças à Lei das Estatais; destruí a Bolsa de Valores, que cresceu de 45 mil pontos para 85 mil pontos. Cometi a destruição de elevar o recorde na produção de grãos, nas exportações e na balança comercial. Como se vê, com a nossa chegada ao governo o Brasil não sofreu um golpe institucional, foi sim ‘vítima’ de um Golpe de Sorte”, completou.

Em seguida, Temer recomenda a Lula que “governe olhando para a frente, defendendo a verdade, praticando a harmonia e pregando a paz”.

O emedebista se elegeu vice-presidente, em 2014, e dois anos depois, assumiu no lugar da ex-presidente Dilma, que perdeu o mandato depois de ser acusada de ter cometido crime de responsabilidade pela prática das chamadas “pedaladas fiscais” e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Parlamento. A ex-presidente nega as acusações.

Deputado gaúcho fala em pedido de impeachment

Também no Twitter, a fala de Lula provocou reação do deputado estadual Ubiratan Sanderson (PL-RS), que prometeu hoje entrar com um pedido de impeachment contra o presidente da República. De acordo com o parlamentar gaúcho, Lula pratica crime de responsabilidade ao classificar de “golpe” um processo autorizado pelo Congresso Nacional e supervisionado por um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) – no caso, o ministro Ricardo Lewandowski. O deputado espera a abertura do ano legislativo para protocolar o requerimento.

“Ao afirmar em discurso oficial e público que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe de estado, Lula atenta contra os Poderes e contra a Constituição Federal, situação que por si só impõe a abertura de impeachment pela flagrante prática de crime de responsabilidade”, escreveu.

Além dos pronunciamentos de Lula, o site oficial da Presidência da República fala em “golpe de 2016” em um texto que se refere à nova diretoria da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Pela referência, o governo também se tornou alvo de uma representação, analisada pelo Ministério Público Federal (MPF), denunciando o presidente por “propagação de desinformação”. O PSDB também acionou a Justiça para impedir o uso da expressão.