Empresa brasileira investirá no desenvolvimento de biotecnologias verdes para agricultura tropical

Referência em genética e biotecnologia para cultura do milho, a SEMPRE AgTech anuncia ao mercado a criação da WIN (World Innovation). Concebida para ser um braço de inteligência e inovação da gigante sementeira, a nova companhia tem foco na pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas, ajustadas à realidade do agronegócio brasileiro e com o uso de tecnologias totalmente nacionais. Todas as pesquisas são voltadas para geração de ativos biotecnológicos, amigos do meio ambiente – as biotecnologias verdes.
Segundo Fernando Prezzotto, fundador e CEO da SEMPRE, o setor é pujante, mas os ativos estratégicos utilizados atualmente não são brasileiros. “O nosso agro ainda depende de matérias-primas vindas de países como Índia, Rússia e China para assegurar o suprimento de fertilizantes e defensivos agrícolas para o campo. Na outra ponta da cadeia, as tecnologias são dominadas e desenvolvidas exclusivamente por multinacionais globalmente consolidadas. O que nós queremos fazer é que esses ativos biotecnológicos estratégicos se tornem propriedade dos brasileiros”, afirma.

Centro de Referência em biotecnologia no Cerrado Brasileiro

Para alcançar essas metas, os investimentos somam R$ 190 milhões. Parte desse valor – cerca de R$ 50 milhões – será destinada à estruturação de um Centro de Referência em biotecnologia no Cerrado Brasileiro. O Parque Tecnológico será focado em biotecnologia e trabalhará conectado aos atuais centros de pesquisa da companhia. Com quase três mil metros quadrados de área construída e completa estrutura de laboratórios, o novo espaço também contará com área experimental de casas de vegetação, para realização de ensaios em pequena escala, e cerca de 15 hectares irrigados de campo, para realizar as Liberações Planejadas no Meio Ambiente (LPMAs).
O Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da empresa, Hugo Molinari, relata que a WIN atuará em duas vertentes. “A primeira é o desenvolvimento de pesquisas in house (dentro de casa), com a nossa própria estrutura de laboratórios, campos e pesquisadores. A segunda é via Open Innovation (inovação aberta), por meio de parcerias com instituições públicas ou privadas, nacionais ou internacionais”, explica. Entre as parcerias em andamento, destaque para a Embrapa e a universidade norte-americana Wisconsin-Madison.
Molinari, que já atuou também como pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), ressalta, ainda, a ampliação da equipe com dedicação na área de biotecnologia. “Só na biotecnologia podemos chegar a cem pessoas. Queremos pesquisadores qualificados e também recém-formados venham fazer parte do nosso time. Nosso projeto inclui manter esses profissionais no Brasil e evitar a ‘evasão de conhecimento’ para o exterior. Estamos muito confiantes”, pondera.

Novas Tecnologias para a Agricultura de Precisão

A WIN irá trabalhar em várias frentes, aplicando as New Breeding Tecnologies (NBTs). Os produtos que estão em pesquisa e desenvolvimento seguem três linhas principais: proteção de cultivos, tolerância a estresses abióticos (hídrico e temperatura) e eficiência no uso de nutrientes, com principal foco para o nitrogênio.
Entre os destaques, está o desenvolvimento de uma linha de defensivos biodirigidos, capazes de controlar plantas daninhas, pragas e doenças que roubam a produtividade na lavoura. Estes produtos inovadores apresentarão inúmeras vantagens em relação a agroquímicos convencionais empregados atualmente. Nos defensivos biodirigidos a sequência do gene é desenhada de forma a atuar apenas no organismo alvo (safe by design), sendo inofensivos para o ser humano e outros seres vivos. É proteção para o usuário do defensivo biodirigido e para o consumidor, que poderá ter a certeza de estar ingerindo alimentos sem resíduos químicos.
As equipes também se dedicam a outras importantes frentes, como a busca por híbridos de milho desejados pelo mercado, edição genômica de plantas e de microrganismos via CRISPR/Cas, geração de plantas geneticamente modificadas (GM) à base de RNA interferente (RNAi), criação de eventos transgênicos proprietários com novas proteínas para controle de insetos-praga e doenças, novos inoculantes direcionados para a promoção de crescimento, eficiência no uso de nutrientes, tolerância a estresses abióticos e novas ferramentas para acelerar ainda mais o programa de melhoramento genético da empresa (Speed breeding). “Somos uma empresa de soluções para o agronegócio e essas soluções podem vir da combinação de várias tecnologias”, afirma Molinari, especialista em Biologia Molecular.
De acordo com o diretor de PD&I da empresa, 2023 e 2024 serão anos decisivos. “Iniciamos 2023 a pleno vapor, com a criação do novo centro de pesquisa e na consolidação de uma equipe chave multidisciplinar. Queremos fazer um centro que seja de referência em biotecnologia, por isso estamos contratando profissionais talentosos para que a WIN consiga ofertar, no médio prazo, novas tecnologias que irão melhorar a vida do agricultor brasileiro”, resume.