Apenas 2,1% dos reajustes salariais ficaram abaixo da inflação em dezembro. É o que apontam dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), e representa uma única categoria que não conseguiu reajuste real. Entre as 48 negociações do mês passado, o Dieese diz que 81,2% conseguiram reajustes acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e outras 16,7% repuseram a alta de preços acumulada em 12 meses (o INPC acumulado até novembro foi de 5,97%).
Com o resultado, o mês de dezembro foi o melhor do ano para os empregados negociarem salários. Em abril e julho de 2022, por exemplo, mais da metade dos reajustes ficou abaixo do INPC (50,9% e 52,4%, respectivamente).
Outro dado relevante é que a variação real dos reajustes foi positiva, na média, pelo terceiro mês consecutivo. Eles ficaram 0,77% acima do INPC, contra 0,49% em novembro e 0,84% em outubro). Nos nove primeiros meses do ano, a média dos reajustes tinha sido negativa, abaixo da inflação oficial do Brasil.
Para os técnicos do Dieese, o comportamento é fruto da desaceleração da inflação, reduzindo o reajuste necessário para recompor a perda de poder de compra nos 12 meses anteriores. “Em dezembro de 2022, o reajuste necessário foi de 5,97%, percentual que se reduzirá para 5,93% na data-base de janeiro de 2023”, diz a entidade.
Os dados mostram que apenas 24,3% dos acordos ficaram acima da inflação no ano passado, contra 36,2% que só repuseram o INPC e 39,5% que tiveram reajuste real negativo (inferior à alta dos preços).
Reajustes salariais | |||
Ano | Abaixo do INPC | Iguais ao INPC | Acima do INPC |
2018 | 9,2% | 15,7% | 75,0% |
2019 | 23,1% | 27,7% | 49,2% |
2020 | 28,0% | 36,2% | 35,9% |
2021 | 45,8% | 38,9% | 15,2% |
2022 | 39,5% | 36,2% | 24,3% |