A Polícia Federal confirmou que já prendeu cinco pessoas, nesta sexta-feira, no âmbito da operação Lesa Pátria. A ofensiva busca suspeitos de participar, financiar ou fomentar os atos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Foram presos preventivamente Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior, Randolfo Antonio Dias, Renan Silva Sena e Soraia Bacciotti. No fim da manhã, uma quinta prisão ocorreu no Distrito Federal. O suspeito não teve o nome divulgado. Três alvos de mandados de prisão seguiam sendo procurados, no fim da tarde.
As ações ocorrem em cinco estados e no Distrito Federal e incluem busca e apreensão em 16 localidades. Um dos presos no DF é Renan Sena, capturado na Candangolândia e levado à sede da corporação, na capital federal. Ex-funcionário do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ele havia sido exonerado após ter agredido enfermeiros que faziam uma manifestação, em 1º de maio de 2020, na praça dos Três Poderes.
Não é a primeira vez que Sena é preso. Em 2020, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) o deteve por ser um dos autores do ataque que lançou fogos de artifício contra o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior, conhecido como “Ramiro dos caminhoneiros”, também está entre os presos hoje. Ele é citado por outros detentos como um dos organizadores e incentivadores da invasão de Brasília. Nos bloqueios às rodovias após o resultado das eleições, Ramiro também atuou como liderança.
Na casa dele, a PF encontrou uma bandeira, relativa à paralisação dos caminhoneiros, onde está escrito que o grupo não reconhece os membros do STF, Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Congresso. “Basta! Sem eles o Brasil cresce. Houve fraude sim. TSE adulterou os votos”, defende a faixa.
Detido em São Paulo, Ramiro havia sido candidato a deputado federal pelo PL nas eleições de 2022. Com 4.542 votos, ele ficou com a suplência na Câmara. Para a campanha eleitoral, recebeu R$ 150,9 mil em recursos, segundo dados do TSE.
Em Minas Gerais, a PF deteve Randolfo Antônio Dias na zona sul de Belo Horizonte e o conduziu à superintendência da PF na capital mineira. As investigações apontaram que Dias participou do acampamento em frente à 4ª Região Militar do Exército, em Belo Horizonte, e enviou áudios nas redes sociais incitando atos antidemocráticos e a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Já em Mato Grosso do Sul, o mandado de prisão teve como alvo a intérprete de libras Soraia Bacciotti. Ela atuou na campanha de Renan Contar, o Capitão Contar (PRTB), para o governo do estado e apareceu ao lado do militar fazendo traduções para surdos. Pelas investigações, ela é suspeita de participar dos atos extremistas em Brasília.
Operação permanente
A Polícia Federal pretende tornar a operação Lesa Pátria um trabalho permanente. Isso quer dizer que, além dos oito mandados de prisão temporária e 16 de busca e apreensão expedidos nesta sexta-feira, a ideia é que haja atualizações periódicas, com novas autorizações judiciais para prender e investigar envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
No primeiro momento, os estados que tiveram cumprimento de mandados foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal.
“Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido”, detalhou a PF.
Além da operação Lesa Pátria, a PF do Pará deflagrou uma operação, intitulada Última Patrulha, com o mesmo objetivo. A corporação cumpre oito mandados de busca e apreensão contra extremistas antidemocráticos no território paraense.