A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) teve uma reviravolta política nesta sexta-feira. O grupo de oposição ao atual presidente da entidade, Josué Gomes da Silva, emitiu nota aos diretores e conselheiros, no fim da tarde, informando que o vice-presidente Elias Miguel havia assumido o comando da instituição interinamente. O comunicado foi assinado por Ronaldo Koloszuk Rodrigues, que é o segundo diretor secretário da Fiesp.
No início da noite, Josué Gomes da Silva desmentiu a informação. Em um comunicado, afirmou ter recebido a notícia sobre o vice-presidente com “absoluta surpresa”, disse estar legalmente no comando da Fiesp e acrescentou que os responsáveis “sofrerão consequências administrativas, trabalhistas e eventualmente em outras esferas”. Segundo o texto, a atitude é “isolada, desproporcional e irresponsável”, que pode provocar “riscos econômicos, jurídicos e trabalhistas” para a entidade.
Na última segunda-feira, uma assembleia decidiu a destituição do empresário do comando da Fiesp, por 47 votos a 1. Houve ainda duas abstenções. Essa votação, no entanto, é considerada internamente como sem validade, por não ter sido convocada com antecedência e realizada quando representantes dos setores de maior peso, e apoiadores de Josué, já tinham deixado a sede da federação, na avenida Paulista.
De acordo com o jurista Miguel Reale Júnior, um dos advogados de defesa de Josué, o empresário deve levar o caso para a Justiça já no início da próxima semana. Nesta sexta-feira, os integrantes do Conselho Superior Jurídico da Fiesp divulgaram um manifesto de apoio a Josué Gomes.
O executivo sempre foi visto como um nome próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é filho de José Alencar, morto em 2011, vice do petista nos seus dois primeiros mandatos. Ele foi convidado para ocupar o posto de ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou a proposta.
A Fiesp é a entidade patronal mais importante do país, e seus posicionamentos têm repercussão nacional e influência em pautas do Congresso. Não por acaso, no dia da assembleia, Josué chamou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para almoçar e dar uma demonstração de força.