O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que não apoia a ideia do Senado de criar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar as responsabilidades pelos atos golpistas em Brasília, em 8 de janeiro. “Uma comissão de inquérito pode não ajudar, e ela pode criar uma confusão tremenda. Não precisamos disso agora”, afirmou Lula em entrevista a um canal de TV fechado.
O presidente justificou que há no País os instrumentos necessários para apurar o ocorrido na capital federal e questionou quais podem ser os ganhos para as investigações com a CPI. “Temos 1,3 mil pessoas presas, estamos ouvindo depoimentos, pegando telefone celular, temos imagens de câmeras que sabemos quem participou, sabemos quem foi negligente, quem não foi negligente. O que a gente vai ganhar com uma CPI?”, indagou.
Lula, no entanto, pontuou que a abertura da comissão é uma decisão do Congresso Nacional. “Mas, se por acaso eles me pedissem um conselho, eu diria não faça CPI porque ela não vai ajudar”, enfatizou. A falta de consenso sobre a CPI também atinge o PT, partido do presidente da República, que se mostra dividido. O Senado já atingiu o número de assinaturas necessárias para instaurar o colegiado, com base em uma proposta da senadora Soraya Thronicke (União-MS). Segundo o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a instalação deve ocorrer após a volta do recesso legislativo, a partir de fevereiro.
Lula também criticou a independência do Banco Central e questionou de que serve um BC independente se a inflação e a taxa de juros seguem elevadas. O petista pontuou que no Brasil se “brigou muito” para ter um BC independente “achando que ia melhorar”. “É uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente da República é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o Henrique Meirelles”, declarou.
“Por que o banco é independente e a inflação está do jeito que está? E o juro está do jeito que está?”, questionou, em críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na esteira da temática econômica, Lula disse ficar irritado com as cobranças sobre estabilidade fiscal no País. “Ninguém foi mais responsável do ponto de vista fiscal do que eu fui”, disse. Na avaliação dele, estabilidade fiscal e social são antagônicas por “ganância” de empresários. “Quero que as pessoas que tenham estabilidade fiscal tenham estabilidade social”, completou.
*Com informações da Agência Estado (AE)