Vereadores de Porto Alegre gastaram 25% a mais em cota parlamentar em 2022

Valor soma R$ 1,2 milhão. Em 2021, números não passaram da casa do milhão

Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA

Os vereadores da Câmara de Porto Alegre gastaram 25% a mais em verbas da cota parlamentar em 2022 no comparativo com os valores despendidos em 2021. Ao todo, de janeiro a dezembro do ano passado foram utilizados R$ 1,2 milhão. Já em 2021, foram utilizados R$ 936 mil, sem correção. Os dados podem ser acessados no Portal Transparência da Câmara de Vereadores.

Os gastos incluem despesas variadas de gabinete, como material de expediente, correios, diárias e passagens, por exemplo. As cotas correspondem a R$ 17,8 mil mensais, em valores não acumulativos – ou seja, que não podem ser gastados no mês seguinte.

A média mensal de gastos totais em 2022 ficou em R$ 97 mil. Porém, houve um mês atípico: junho. Neste período, os vereadores utilizaram R$ 159 mil, 63% a mais do que a média. Os valores se elevaram, muito provável, em função dos R$ 55 mil gastos, por 14 parlamentares, com aquisições de softwares. Esse é o único mês em que há despesas nessa categoria.

Em colocações gerais, são os custos com indenizações veiculares os maiores: R$ 554 mil no total (reembolso por km rodado), seguido por R$ 137 mil com telefonia móvel, e R$ 98 mil com diárias e passagens. Os R$ 385 mil restantes se dividem entre as outras 10 categorias de gasto.

No levantamento, o vereador Márcio Bins Ely (PDT) desponta como o que mais utilizou da cota. Foram R$ 103 mil no ano, com uma média mensal de gastos de R$ 8,6 mil. Entre as categorias mais utilizadas pelo vereador, os correios, cujo o valor gasto chegou a R$ 39,4 mil, e indenizações veiculares, com R$ 39 mil. Procurado, o vereador não se manifestou até a publicação desta reportagem. O espaço segue à disposição.

Na outra ponta, três vereadores – Jessé Sangalli (Cidadania), Kaká D’Ávila e Ramiro Rosário, ambos do PSDB, não utilizaram nada da cota. Os parlamentares associaram a economia a princípios e valores.

“Tenho como norte que devo ser a renovação política através do exemplo. Por isso, não me sentiria à vontade de pedir redução de impostos e austeridade na máquina pública sem que eu mesmo demonstre que isso é possível”, afirmou Jessé.

Para Kaká, não utilizar da cota é “meta de mandato”. Segundo o vereador, ele já protocolou na Casa uma proposta prevendo o fim do benefício que, na visão dele, não é aceitável.

Segundo Ramiro, o salário de vereador é suficiente para arcar com os gastos do mandato. “A economia de mais de R$ 200 mil no ano é um símbolo de austeridade e compromisso com o dinheiro dos pagadores de impostos”, declarou.