A Polícia Federal deve solicitar a colaboração da Interpol para apreender o celular usado pelo ex-ministro Anderson Torres, preso em Brasília. De acordo com fontes na corporação, ele chegou ao país sem o aparelho. Torres viajou de férias para a Flórida, nos Estados Unidos, um dia antes dos ataques contra as sedes dos Três Poderes.
A PF pretende alegar que a apreensão do celular é parte da investigação e pedir ajuda para a corporação internacional a fim de localizar o aparelho em solo norte-americano. A diligência precisa de autorização do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), para ocorrer.
A PF previa apreender e periciar o aparelho de Torres, junto aos mais de mil celulares pertencentes a extremistas presos no Distrito Federal.
No dia 10, Moraes emitiu um mandado de prisão contra Torres, por suposta omissão nos comandos das forças de segurança para coibir os atos de vandalismo. No mesmo dia, o ex-ministro usou as redes sociais para comunicar que o celular havia sido clonado. “Olá, clonaram meu WhatsApp, não aceitem nenhuma mensagem ou ligação”, escreveu.
Apesar de não configurar crime a não entrega do celular às autoridades investigadoras, caso o aparelho seja encontrado com dados apagados, Torres pode ser indiciado também por tentativa de destruição de provas. A reportagem acionou a defesa do ex-ministro, mas ainda não obteve retorno.
Depoimento
Os esclarecimentos acerca da omissão do celular devem ser prestados junto ao primeiro depoimento de Torres à Justiça após ser preso. Moraes ainda precisa determinar uma data e, enquanto isso, o ex-ministro fica preso no 4º Batalhão da Polícia Militar. A expectativa é que ele seja transferido para a Papudinha, ala no Complexo da Papuda reservada a policiais e militares.
Torres é advogado e delegado da Polícia Federal (PF). No mesmo dia em que teve a prisão decretada, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dele, onde encontrou uma minuta (espécie de rascunho) de um decreto para, supostamente, tentar mudar o resultado das eleições presidenciais de 2022.
Pelas redes sociais, o ex-secretário confirmou a existência da minuta e não informou a autoria do documento, mas disse que o texto vazou “fora de contexto” e fazia parte de uma pilha de materiais para descarte.
Torres se entregou à polícia, tendo interrompido a viagem de férias para se apresentar à Justiça. O ex-ministro desembarcou e passou pelo exame de corpo e delito ainda no aeroporto, tendo sido escoltado pela PF até o batalhão da PM, onde continua preso.