“Se algo do tipo acontecesse aqui, faríamos diferente”, garante secretário de Segurança do RS

Sandro Caron criticou estratégia usada no DF para combater extremistas, no domingo passado

Foto: Rodrigo Ziebell/Palácio Piratini

O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, criticou nesta quarta-feira a estratégia usada para reprimir ataques, no domingo passado, no Distrito Federal. Em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, o ex-superintendente regional da PF apontou a falta de efetivo como um dos problemas enfrentados em Brasília.

“Se algo do tipo acontecesse aqui no Rio Grande do Sul, faríamos diferente. Nós utilizaríamos um número maior de policiais militares, em especial de agentes lotados em Batalhões de Choque. Acho que, em termos de planejamento operacional, temos que nos preparar para o pior cenário possível, montando toda a estrutura, para dar conta deste cenário de crise”, ressalta.

A nova manifestação dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prevista para acontecer no fim da tarde, no Parque Moinhos de Vento (Parcão), é monitorada pelas forças de segurança. Conforme determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nenhuma rua ou avenida pode ser bloqueada. Em caso de descumprimento, a Brigada Militar vai intervir e dispersar o ato.

A corporação cedeu 73 agentes em apoio à intervenção em andamento na capital federal. Os homens e mulheres foram deslocados de várias regiões do Estado, para que o policiamento nas ruas das cidades gaúchas não seja desfalcado pela medida. A Segurança Pública gaúcha investiga eventuais crimes cometidos no Rio Grande do Sul, antes do deslocamento das caravanas que ajudaram a destruir os prédios públicos de Brasília.

“O reforço foi, inicialmente, solicitado até o dia 31 de janeiro. A eventual prorrogação da permanência vai depender da avaliação do quadro de segurança do Distrito Federal. É importante, para coibir fatos do tipo, a responsabilização criminal. Precisamos dar ênfase aos que financiaram, contrataram ônibus, deram apoio logístico na operação”, completa o secretário Caron.

Feminicídios são preocupação

No âmbito local, uma das principais preocupações do governo é a violência contra a mulher – que cresceu em 2022, na contramão do percebido em quase todos os outros indicadores de criminalidade. Segundo a Polícia Civil, o aumento chegou a 10,4% em relação a 2021, quando 96 assassinatos motivados por gênero foram reportados em território gaúcho. No ano passado, o total chegou a 106.

“Vamos dar continuidade ao trabalho e trazer algumas ferramentas e estratégias que usamos em outros locais. São três eixos: o combate aos homicídios, com foco na investigação; o combate ao crime organizado, com ênfase na prisão e isolamento das lideranças, além da asfixia financeira; e o combate aos feminicídios e violência doméstica”, enumera o ex-superintendente da PF.

Currículo

Sandro Caron, de 47 anos, ingressou na Polícia Federal em 1999. O delegado cumpriu inúmeras funções estratégicas na corporação – sendo que, em 2011, assumiu o posto de Superintendente Regional da PF no Ceará. Em 2013, retornou ao Rio Grande do Sul, onde exerceu o mesmo cargo na corporação.

Em 2015, passou ao cargo de Diretor de Inteligência Policial da PF. Dois anos mais tarde, assumiu a função de Adido Policial na capital de Portugal, Lisboa. Desde 2020, Caron era secretário da Segurança Pública do Ceará, participando das gestões de Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (sem partido).