Governo vai criar memorial com obras vandalizadas no fim de semana

Ministra classifica ataque como violência profunda e desrespeitosa

Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ABr

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, visitou as instalações do Palácio do Planalto, nesta terça-feira, para fazer um balanço e discutir medidas para a recuperação do patrimônio destruído por vândalos nos ataques antidemocráticos desse domingo. Acompanharam a vistoria a primeira-dama Janja da Silva, o novo presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, e o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho. Ao fim da visita, em coletiva à imprensa, a ministra anunciou a criação de um memorial em defesa da democracia com os objetos e obras de arte vandalizados no fim de semana.

“Esse memorial é para deixar marcado, para que nunca mais possa acontecer outra violência desse nível, com o intocável, que é a nossa democracia”, disse Margareth Menezes. Ela classificou como “violência profunda e desrespeitosa” os danos causados pelos invasores golpistas, que pediam intervenção militar no país. A ministra disse que ainda está sendo feito um levantamento da extensão dos estragos, incluindo valores sobre o que pode ser restaurado.

Uma dos casos mais delicados é o que envolve uma obra de Balthazar Martinot: um relógio de pêndulo do Século XVII, presente da Corte Francesa a Dom João VI, rei de Portugal que se mudou com a família real para o Brasil em 1808. Completamente destruído pelos vândalos, o relógio dificilmente vai ser recuperado. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV, rei da França. Existem apenas dois relógios desse autor. O outro, exposto no Palácio de Versailles, é da metade do tamanho da peça destroçada pelos invasores.

Outra obra das mais importantes do Palácio do Planalto, e de restauração ainda incerta, é o quadro As mulatas, de Di Cavalcanti. Trata-se da principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto, encontrada com sete rasgos, de diferentes proporções. A obra é uma das mais importantes da produção do pintor. O valor do quadro, estimado em R$ 8 milhões, pode ser superado em até cinco vezes em leilões de obras de magnitude semelhante. As demais peças, obras e artefatos devem ter possibilidade de restauração, segundo o diretor de Curadoria dos Palácio Presidenciais.

Balanço

A expectativa é que o balanço final das obras de arte atingidas pelos vândalos que invadiram os Três Poderes em Brasília seja concluído até sexta-feira.

No Congresso, o prejuízo contabilizado até o momento chega a R$ 3 milhões. No STF – o prédio mais intensamente atingido pelos vândalos -, os prejuízos causados ao patrimônio público atingiram R$ 4 milhões, em um levantamento parcial.

*Com informações da Agência Estado (AE)