MP denuncia por tortura, roubo e ameaça policiais que colocaram sacola em cabeça de vítima no RS

Militares, lotados no batalhão de Novo Hamburgo, seguem presos desde a semana passada

Foto: Redes Sociais/Reprodução

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS) denunciou, nesta segunda-feira, os dois policiais militares responsáveis pela abordagem em que uma mulher teve a cabeça colocada dentro de uma sacola plástica, em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos. O órgão pede que os militares, presos desde a semana passada, respondam na Justiça pelos crimes de tortura, roubo qualificado e ameaça.

Para a promotora de Justiça Anelise Haertel Grehs, os brigadianos constrangeram um casal com emprego de violência e grave ameaça exercida com uma pistola, causando sofrimento físico e mental, com o fim de obter informações. Acompanhadas de dois amigos em frente a um bar, as vítimas, sem antecedentes criminais, foram surpreendidas pelos denunciados, que as abordaram apontando uma pistola.

Em sequência à abordagem, os dois amigos foram liberados e lá, as vítimas permaneceram, sozinhas, com os dois policiais militares e a porta fechada. Os denunciados entraram procurando por drogas e dinheiro, quebrando tudo no estabelecimento, e obrigaram as vítimas a deitarem no chão, dizendo ao homem: “melhor tu falar, se nós achar, tu vai apanhar”.

Os denunciados algemaram o homem, colocado de joelhos, agredido e asfixiado com um saco de plástico enquanto era questionado sobre a localização de drogas e de dinheiro. Com a vítima quase desmaiando, os denunciados tiraram o saco da cabeça dele e insistiram nos questionamentos, passando a asfixiar a mulher, usando a mesma tática. Em seguida, os denunciados perceberam estar sendo filmados e saíram correndo do local, deixando uma pistola e um colete balístico em cima da mesa, mas levando bebidas e R$ 250 em espécie.

Posteriormente, os policiais retornaram ao estabelecimento comercial para pegar a pistola e o colete balístico e ameaçaram as vítimas, batendo com a pistola no peito do homem e dizendo: “se o vídeo vazar, vocês estão mortos”.

Além de denunciar os dois policiais, o MPRS pediu que seja decretada a perda do cargo dos denunciados e a interdição para o exercício da profissão pelo dobro do prazo da pena aplicada.