Dino: extremistas que depredaram Brasília serão alvo de processo para ressarcir a União

Ministro da Justiça e Segurança Pública afirmou que detidos já são 1,5 mil; ele aproveitou para defender o ministro da Defesa

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou na tarde desta segunda-feira que os extremistas que depredaram as sedes dos Três Poderes nesse domingo serão processados para ressarcir os danos causados à União.

“Foram realizadas perícias pela Polícia Federal, nos locais atacados, visando a instrumentalização dos inquéritos da PF, e para responsabilização civil, para que a AGU [Advocacia-Geral da União] cobre indenização de quem perpetuou danos materiais, alguns irreparáveis. As perícias são para aparelhar as ações de indenização”, declarou o ministro.

Questionado sobre as declarações de José Múcio Monteiro, ministro da Defesa, Dino defendeu o colega e afirmou que ele está à frente de uma das pastas mais complicadas do governo federal. “A lealdade de Múcio não pode ser colocada em cheque. Ele optou por um caminho democrático e não pode ser julgado por isso”. Na semana passada, o ministro da Defesa afirmou que entendia os atos no entorno de quarteis, em todo o País, como manifestações democráticas e disse que a tendência era de irem se desfazendo “naturalmente”.

Dino concedeu entrevista coletiva no Palácio da Justiça, em Brasília, acompanhado dos delegados-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal, Antônio Fernando Oliveira e Andrei Rodrigues, respectivamente.

Governadores de cerca de 10 estados, segundo Dino, enviaram contingentes para fortalecer a ação da Força Nacional. Aproximadamente 500 profissionais de fora do DF ficarão à disposição. “Esse envio visa apoiar as providências que serão adotadas ao longo da semana, na proteção à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes”, informou.

De acordo com o ministro, houve quebra de acordo entre as forças de segurança do DF e o governo federal. “O que acertamos para a posse [do presidente Lula, em 1º de janeiro] com o Governo do DF foi fielmente cumprido. Acreditávamos que o planejamento de segurança feito para ontem seria cumprido. Infelizmente, não foi”, lamentou.

Ainda no domingo, a PRF apreendeu 40 ônibus de comitivas com extremistas em rodovias federais saindo da capital do país – alguns, inclusive, em deslocamento. “Em um deles, havia arma de fogo, o que mostra que havia preparação para atos de violência”, citou o ministro.

Inquéritos separados

Para cada local invadido, vai ser aberto um inquérito policial separadamente. Ou seja, serão instaurados três, relativos à invasão e destruição do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal. Os inquéritos serão conduzidos pela Polícia Federal e vão reunir financiadores e organizadores dos atos de vandalismo.

“Não é possível distinguir [de quais setores partiram os financiamentos], mas houve, sim, cabalmente, financiamento. Temos a relação dos contratantes dos ônibus, que serão chamados a prestar esclarecimentos”, afirmou Dino.

Presos

Ao todo, mais de 1.500 pessoas foram detidas por participação em atos antidemocráticos praticados em Brasília. Levantamento feito no começo da tarde desta segunda-feira pelas forças de segurança do DF indica que os vândalos seguem na sede da Polícia Civil, na Superintendência da Polícia Federal e na Academia da PF.

O balanço abrange vândalos que atacaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), e extremistas que resistiram à desmobilização do acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército.

O R7 acompanhou a movimentação e a chegada dos ônibus para transportar os detidos, nessa manhã. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) iniciou a desocupação do acampamento por volta das 8h desta segunda-feira. Os manifestantes tiveram uma hora para realizar a saída voluntária. O descumprimento motivou as prisões.

A operação da PMDF e a prisão dos manifestantes radicais cumprem determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que deu o prazo de 24 horas para a desmobilização do acampamento. O magistrado também afastou do cargo o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

Para conter os atos, o presidente Lula decretou intervenção federal em Brasília, válida especificamente para a área de segurança pública.