A falta de chuvas consistentes já trouxe muitos prejuízos para a região Sul do Estado. Conforme o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-RS), Ronaldo Maciel, cinco municípios já decretaram situação de emergência e dois estão com o relatório pronto para dar entrada na documentação nos próximos dias. Ainda em dezembro, Herval formalizou o decreto.
Na última semana foi a vez de Arroio Grande, São José do Norte, Pinheiro Machado e Pedras Altas. A Emater-RS já concluiu o laudo circunstanciado (documento necessário para que as prefeituras possam realizar os decretos) de Piratini e Capão do Leão. “Pelotas também deve decretar. Cerrito estamos fazendo o laudo. Haverá uma reunião na quinta-feira, para definir a situação de Rio Grande. Dos sete municípios que já concluímos, as perdas superam os R$ 301 milhões”, disse.
Os principais problemas estão nas lavouras de milho e soja. Nesta segunda-feira, às 9h, haverá uma reunião na Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), com prefeitos, secretários de Agricultura e Emater-RS para debater sobre o tema e definir as medidas a serem adotadas. “Pelo que tenho notícias, acredito que 90% dos 22 municípios que fazem parte da nossa área devem decretar emergência por causa da estiagem se esta situação continuar por mais 10 ou 15 dias”, projetou.
Segundo ele, atualmente a situação mais favorável é a de Amaral Ferrador que não apontou perdas. “Tivemos também pedidos de vistoria em lavouras, para a tentativa de Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), de produtores em Pelotas, Canguçu, Morro Redondo e São Lourenço do Sul”, enumerou. Ainda conforme Maciel, São José do Norte teve o menor volume de perdas registradas até agora, não chegando a R$ 10 milhões, e Arroio Grande o maior, com mais de R$ 70,7 milhões no cultivo de soja, milho, bovino de corte e de leite.
A maioria dos municípios da região está transportando água para consumo das famílias nas propriedades rurais. Na região, a média das perdas é de 15% na lavoura de soja, 30% na de milho, 30% na produção leiteira, 15% nos bovinos de corte e 35% na produção de abóbora japonesa. “Os bovinos de corte perdem peso pela falta de água e alimentação e a situação do gado leiteiro também terá reflexo no inverno, pois a produção do milho para a silagem já teve quebra de 30% e serve para alimentar o rebanho no inverno que é uma época de escassez de pastagem cultivada”, lamenta. Ele acredita que se continuar assim, antes do final de janeiro as perdas devem somar R$ 1 bilhão.
O prefeito de Piratini, Márcio Porto, confirmou ainda no sábado que irá decretar emergência nesta segunda-feira. “Temos muito prejuízo nas lavouras de soja e milho, mas o principal problema é que está sendo necessário usar dois caminhões pipa todos os dias, até um pedaço da noite, para atender mais de 100 famílias, no I, II e V Distritos. Em dezembro a chuva foi muito esparsa, teve lugar que não choveu nada”, lamenta.
Em Pelotas, ainda na sexta-feira, a prefeita Paula Mascarenhas assinou um decreto que restringe o uso de água potável na cidade, ficando proibido o uso para lavagem de veículos, calçadas e prédios, além da troca ou reposição da água das piscinas, irrigação de gramados e jardins e para atividades consideradas não essenciais. Em dezembro choveu 6 milímetros na cidade, conforme o pluviômetro instalado na Barragem Santa Bárbara, que abastece 60% da população. O índice é considerado 15 vezes menor do que o que ocorreu nos anos de 2020 e 2021. Em janeiro, as chuvas seguem insuficientes.
A Prefeitura avalia se irá decretar situação de emergência. Ainda na sexta-feira, a Barragem Santa Bárbara se aproximava de 1,6 metro abaixo do vertedouro. A Prefeitura também desativou os chuveiros disponíveis na Praia do Laranjal. O não cumprimento das medidas poderá implicar em penas como advertência, interrupção temporária do fornecimento de água ao infrator que já tenha incorrido na sanção anterior.