Vereador denuncia Secretaria de Saúde por mudança em regra de troca de enxovais no HPS da capital

Jonas Reis sustenta que medida "coloca em risco a higienização", hospital garante que acompanha outras unidades de saúde

Foto: Joel Vargas / PMPA

O Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mantenedora da unidade de saúde, foram denunciados ao Ministério Público gaúcho (MPRS) após a divulgação de um memorando determinando, a partir deste domingo, a troca do enxoval das camas em apenas três vezes na semana para pacientes não dependentes. O documento, assinado pela diretora-geral do HPS, Tatiana Razzolini Breyer, também passa a permitir o uso de pijamas particulares por parte dos pacientes, dependentes ou não, e que cabe aos familiares, em casa, higienizar as peças usadas para dormir.

O hospital observa que, “em casos excepcionais” a roupa de cama desses pacientes pode ser trocada em outros dias da semana. A denúncia, feita pelo vereador Jonas Reis (PT), alega que a aletração “coloca em risco a higienização dos leitos hospitalares, aumentando o risco de infecções”.

O parlamentar adverte para, diante da vulnerabilidade alta e da imunidade baixa dos pacientes, micro-organismos podem fazer as enfermidades ficar mais agressivas ainda. “É uma situação gravíssima”, sustenta.

O texto da denúncia ainda cita que o HPS vem supostamente fornecendo camisolas descartáveis e transparentes aos pacientes.

Procurada, a SMS confirmou a divulgação de um novo documento por parte do HPS, quatro dias depois do primeiro memorando, manifestando preocupação com a “repercussão gerada” pelo anterior, mas referendando a medida.

O HPS esclareceu que montou um grupo de trabalho específico para discutir o tema, ainda em julho, e que se baseou em evidências científicas para adotar a nova prática, além de ter consultado experiências em outras instituições do país, entre elas, os hospitais Mãe de Deus, Ernesto Dornelles e Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre.

“Não há na literatura mundial descrição de infecções relacionadas a enxoval hospitalar, desde que seguidas as normas do Manual de Processamento de Roupas do Ministério da Saúde e Anvisa”, aponta a nota do HPS.

A casa de saúde também alega que considerou “a sustentabilidade ambiental”, justificando que o processamento de roupas causa “grande impacto ecológico”, e que a nova medida pode reduzir os custos de aquisição e reutilização de roupas por parte do hospital.