Ranolfo elenca combate à fome, estiagem e arrecadação como desafios do próximo governo

Governador fez, nesta quinta, um balanço da gestão no Palácio Piratini

Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

O governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) concedeu, nesta quinta-feira (29), a sua última coletiva de imprensa como chefe do Executivo no Rio Grande do Sul. O político, que será diretor do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) a partir de 2023, elencou duas lacunas que, conforme sua própria avaliação, continuam abertas ao fim da passagem pelo Palácio Piratini.

“Uma questão que me toca muito é o combate à fome. Queria ter conseguido me dedicar mais a esta área. No entanto, estamos em um ano eleitoral, e é proibida a criação de qualquer programa neste sentido. Também queria ter avançado um pouco mais na questão da estiagem, concretamente falando, na criação de açudes, poços, enfim”, enumera o governador, empossado no cargo em março deste ano.

Ranolfo também repercutiu o seu futuro no âmbito político. Conforme o tucano, ele abdicou da reeleição após conversa com o governador reeleito, Eduardo Leite. “Nós sentamos, avaliamos, e entendemos que em um momento de polarização o nome dele seria mais forte para dar continuidade ao projeto. Isso se provou na nossa passagem ao segundo turno, que foi muito apertada. Quase não conseguimos romper a barreira”, lembra.

Vieira Júnior cumpriu os quatro anos do mandato concedido pela população nas Eleições de 2018. Nos três primeiros anos, além de vice-governador, se dedicou à Segurança Pública – área na qual construiu carreira, como delegado da Polícia Civil. O governador comemorou os resultados obtidos no setor, que recebeu R$ 990 milhões em investimentos, e alertou que a superação da disputa entre facções criminosas ainda está longe de acontecer.

Apesar do cenário de dificuldade, a gestão estima que mais de duas mil vidas foram poupadas pelo programa RS Seguro. “Três quartos dos homicídios são fruto da disputa entre organizações criminosas. Vamos conseguir auxiliar neste sentido quando tivermos as novas casas prisionais. Os presos não vão mais ficar soltos, mandando de dentro da cadeia. Estamos evoluindo, devemos seguir neste caminho”, ressalta Ranolfo.

Arrecadação

A indefinição sobre a forma que se dará a compensação do Governo Federal às perdas dos Estados, acumuladas desde a redução das alíquotas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), é outro desafio que paira sobre o próximo governo. Para o secretário da Fazenda, Leonardo Busatto, o assunto precisará ser repactuado entre os novos gestores estaduais e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A gente tem certeza que vai ter uma compensação. É uma questão legal. Ainda não foi regulamentado – mas temos recursos em caixa, justamente, para este início de gestão. É fundamental, não só para o Rio Grande do Sul, que esta questão avance. Precisamos ver como o novo Governo Federal vai tratar do tema”, resume o economista, que também atuará no BRDE a partir do próximo ano.

O orçamento do Rio Grande do Sul para 2023, aprovado pela Assembleia Legislativa em novembro, tem previsão de déficit de R$ 3,8 bilhões. Este montante é fruto, justamente, da queda de arrecadação. As prefeituras também perderam dinheiro com a medida, adotada com o argumento de redução do valor dos combustíveis e produtos. A conciliação entre as partes envolvidas no tema é feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF).