A retomada da cobrança de PIS/Cofins sobre os combustíveis deve ter um impacto de 0,6 ponto percentual no IPCA de janeiro. A estimativa foi feita pelo economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), André Braz, para quem a reoneração deve ter um impacto diferente no IPCA. A gasolina pesa 4,6% no índice, enquanto o etanol pesa 0,6% e o diesel, 0,3%.
“O impacto vai ser grande. Podemos perfeitamente ter uma inflação em torno de 1% ou mais no mês que vem”, diz Braz, que é o responsável pelos Índices Gerais de Preços divulgados pelo FGV/Ibre. Para ele, entretanto, essa inflação não é de 2023, mas referente a 2022. Segundo ele, a desoneração vai fazer o IPCA chegar ao fim do ano ao redor de 5,5%, em vez dos cerca de 8,5% que seriam registrados sem os benefícios concedidos pelo governo federal este ano.
Braz acrescenta que janeiro também deve sofrer o impacto de alimentos, afetados pela variação climática típica do verão. Em relação aos combustíveis, ressalta que, embora o diesel tenha um impacto direto relativamente pequeno, tem uma influência indireta na cadeia até maior que a gasolina, pois é responsável por aumentos de frete, energia e transporte público, entre outros, que acabam contaminando os preços ao consumidor.
“O diesel em 12 meses tem alta expressiva de mais de 30%. Já está caro em relação ao ano passado e tem o problema de contaminar outros setores. O peso no IPCA é pequeno, mas o efeito indireto é pior que o da gasolina, embora seja difícil de estimar”, diz Braz.