Nível do Guaíba se estabiliza e especialista defende plano de contingência

Régua do cais Mauá marcou 49 centímetros no começo da tarde desta terça-feira

Foto: Guilherme Almeida/CP

Embora o abastecimento de água a partir do Guaíba tenha se normalizado após os problemas causados, no feriadão de Natal, pela turbidez da água e pelos ventos que empurraram a vazão do lago a partir do extremo Sul da Capital para a Lagoa dos Patos, a situação ainda requer atenção. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) garante que investiu R$ 25 milhões em novas obras e ampliações de rede para evitar o desabastecimento.

Há bancos de areia causados pela estiagem em diversos pontos, como em trechos da orla próximos ao Anfiteatro Pôr-do-Sol, provavelmente os mais evidentes para a comunidade. De acordo com dados da régua de medição operada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) no cais Mauá, o nível do Guaíba era, perto das 13h15min desta terça-feira, de 49 centímetros, mas já marcou índices muito menores, abaixo de cinco centímetros, no último dia 24.

A diretora do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS) e ex-diretora da Diretoria de Recursos Hídricos (DRH) da Sema, Nanci Giugno, defende planos de contingência bem estabelecidos para situações como a atual. “Sabendo-se que vai chegar o verão, é importante haver esta previsão. De repente, haver reservatórios alternativos. Esta é uma das questões. Outra é de fato haver investimentos no saneamento. É um conjunto de coisas que devem ser feitas”, comenta ela.

Ontem, o diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, disse que o sistema responsável pela captação e distribuição no extremo Sul vinham operando “no limite”, mas que obras como o Sistema de Abastecimento de Água (SAA) Ponta do Arado prometiam minimizar o problema. Outra questão é a melhoria dos investimentos no próprio órgão, como em execução de novos projetos, contratação de pessoal e manutenção.

No último fim de semana, em pleno Natal, os bairros Aberta dos Morros, Belém Novo, Boa Vista do Sul, Campo Novo, Chapéu do Sol, Extrema, Hípica, parte de Ipanema, Lageado, Lami, Lomba do Pinheiro, Pitinga, Ponta Grossa, Restinga e São Caetano, sofreram com falta de água.

“Se, um dia, um navio virar no Guaíba com alguma substância poluente, é preciso ter alguma alternativa, com planos bem montados. A população não pode ficar sem água, e não podemos esperar que ocorra estiagem de três, quatro meses para pensar nisto”, pontua Nanci.