Parlamento do Peru deve antecipar eleições para diminuir crise

Manifestações pelo país já causaram 21 mortes

Foto: Jhonel Rodriguez/Presidência do Peru

O Congresso peruano debate nesta terça-feira a possibilidade de antecipar as eleições gerais a fim de diminuir uma crise gerada pela destituição do presidente Pedro Castillo. Após 21 mortos nas manifestações pelo país, as organizações de direitos humanos foram alertadas, embora o projeto de antecipação das eleições não tenha obtido os votos necessários, na semana passada. Após um acordo nesta terça-feira, o assunto vai ser rediscutido e votado novamente. É necessário que 87 dos 130 legisladores votem a favor. O plano é antecipar as eleições de 2026 para 2023 e entregar a presidência, no comando de Dina Boluarte, sucessora do esquerdista Castillo, em abril de 2024.

As bancadas de esquerda, pró-Castillo, pedem a inclusão da convocação de um referendo para uma Assembleia Constituinte na votação. Boluarte, cuja renúncia também está nas exigências dos manifestantes, garante que está disposta a sair dentro dos novos prazos e pediu aos legisladores que agilizem o debate. “Que hoje sejam decididas as eleições antecipadas e que a direita e a esquerda cheguem a um acordo”, comentou a deputada independente Susel Paredes. As informações foram publicadas pela Agência France Presse (AFP).

Nesta terça-feira, uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), chefiada pela secretária Tania Reneaum, chegou a uma reunião com autoridades em Lima “para receber informações sobre a crise institucional”. De acordo com o último relatório da Defensoria do Povo, desde 7 de dezembro os protestos deixaram 21 mortos e mais de 600 feridos em confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.

Castillo perdeu o poder no mesmo dia, depois de tentar fechar o Congresso, intervir no sistema judicial, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte. O pedido não conseguiu respaldo institucional. Por isso, o ex-presidente acabou preso, sob a acusação de rebelião, tentando chegar à embaixada mexicana para pedir asilo. O chanceler do México, Marcelo Ebrard, confirmou que a esposa e os filhos de Castillo se refugiaram na embaixada mexicana em Lima.