A defesa do ex-vereador suplente do PT, Lídio Santos, declarou à Rádio Guaíba, nesta terça-feira, que os mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Civil na residência dele não resultaram em nenhum elemento que o vincule ao grupo que incinerou um homem dentro de um carro no bairro Cascata, na zona Sul de Porto Alegre. A declaração ocorre um dia após a corporação prender um quarto suspeito de participação no crime, ocorrido em 9 de agosto.
Preso preventivamente desde 14 de novembro, o ex-suplente é suspeito de ter levado os autores à cena do crime, em um veículo, e auxiliado o grupo na fuga, também como motorista, após a vítima ter sido incinerada. Recusando-se a depor, ele alega ser inocente e relata que teve o carro roubado dias antes do homicídio.
“A defesa do Lídio reitera a sua inocência. Como se trata de um inquérito policial, ainda sem perspectiva de denúncia criminal, nos resguardamos a afirmar que integrantes da polícia colhem elementos informativos, e não provas. Ainda, o direito constitucional de se permanecer em silêncio não pode, em hipótese alguma, ser sopesado em desfavor de investigados ou réus”, disse a advogada do suspeito, Eduarda Garcia.
A representante destacou que a investigação tramita em sigilo e que a defesa teve acesso apenas a uma parte do inquérito. Segundo ela, a polícia ‘vem juntando a conta-gotas os elementos colhidos, praticamente omitindo-os das defesas’.
“[Omitir elementos da defesa] obstaculiza a nossa atuação e configura uma lesão ao direito de defesa, uma garantia constitucional. Vale ressaltar que muitas medidas além cautelares para além da prisão também foram cumpridas, como mandados de busca e apreensão, e, no caso de Lídio, nada foi encontrado em sua casa que o pudesse vincular ao homicídio em questão”, afirmou a jurista.
Ela adicionou ainda que o suspeito não teve nenhuma condenação criminal e mantém boa conduta, além de residência fixa, família constituída e um abaixo-assinado pedindo a liberdade dele. A defesa também solicitou uma reunião com o juiz responsável para tentar levantar o sigilo sobre o processo.
Polícia convicta sobre envolvimento de ex-vereador
Contatada pela reportagem, a delegada Isadora Galian reiterou, nessa segunda-feira, estar convicta da participação de Lídio no crime. A titular da 1ª Delegacia de Homicídios da Capital apura se o suspeito, que já tinha passagens por porte ilegal de arma de fogo, lesão corporal e ameaça, também atuou na morte direta da vítima.
“A gente não tem dúvidas que ele participou do crime. A gente conseguiu comprovar que ele não sofreu um roubo e que efetivamente participou [do crime]. Inclusive, em duas oportunidades, ele manteve o direito constitucional de ficar em silêncio”, enfatizou a policial.
O crime
Em 9 de agosto, o grupo investigado sequestrou e reteve a vítima em um imóvel, na vila Cruzeiro. Posteriormente, levou o homem, de carro, até a rua Canudos, no bairro Cascata, local onde ateou fogo ao veículo com a vítima dentro. Um desentendimento entre facções pode ter motivado o crime.
“A vítima, que era de uma determinada facção, estaria se relacionando com outra [facção]. A brutalidade do crime está diretamente ligada ao recado que eles [criminosos] querem passar para quem mudar de facção”, declarou a titular da 1ª Delegacia de Homicídios.
Pelas informações apuradas pela perícia, o crime ocorreu com o homem ainda vivo.