Roberto Jefferson vira réu por tentativa de homicídio contra agentes da PF 

Ex-deputado é réu por tentativa de homicídio contra policiais federais, resistência qualificada e outros crimes em outubro, ao resistir à ordem de prisão decretada pelo STF.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Justiça Federal no Rio de Janeiro aceitou hoje a denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-deputado Roberto Jefferson, que se torna réu por tentativa de homicídio contra policiais federais, resistência qualificada e outros crimes, em 23 de outubro deste ano, quando resistiu à ordem de prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A juíza federal substituta Abby Ilharco Magalhães, da 1ª Vara Federal de Três Rios, considerou que a denúncia, além de qualificar o acusado, classificar os delitos e apresentar rol de testemunhas, “expõe de forma clara e objetiva os fatos que lhe são imputados, com todas as suas circunstâncias, de forma a permitir o exercício pleno da ampla defesa”. A magistrada acrescenta que “indicativos suficientes de autoria emergem da situação de flagrância, narrada nos depoimentos dos policiais federais que efetivaram as diligências, além da manifestação do próprio acusado em sede inquisitorial”.

Tiros e granadas
No dia dos crimes pelos quais o ex-deputado responde, quatro agentes da Polícia Federal chegaram à casa de Roberto Jefferson, na cidade de Comendador Levy Gasparian, a fim de  cumprir o mandado de prisão expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Apesar de estar impedido de publicar nas redes sociais por medida cautelar, Jefferson havia gravado e compartilhado um vídeo com ataques misóginos e de baixo calão contra a ministra Cármen Lúcia, do STF, em 21 de outubro. Diante disso, Alexandre de Moraes decidiu pelo retorno de Jefferson à prisão preventiva, mas o ex-parlamentar reagiu à tentativa dos policiais federais de cumprir a decisão.

Roberto Jefferson chegou a lançar granadas e atirar 60 vezes com armas de grosso calibre contra os policiais, deixando dois agentes feridos. O ex-presidente do PTB também gravou vídeos no dia da ação dizendo estar pronto a enfrentar os policiais, mostrou a viatura da PF com o para-brisa baleado e admitiu que atirou na direção deles.

Segundo a denúncia do MPF, o acusado lançou contra os policiais uma granada adulterada, com pedaços de pregos cortados envoltos por fita adesiva.

Depois de lançar a granada, Jefferson puxou uma arma escondida, e começou a atirar em direção aos policiais, efetuando 30 disparos e esvaziando o primeiro carregador.

Apesar dos gritos de “policial ferido”, Roberto Jefferson não cessou o ataque, lançando mais duas granadas na direção dos policiais e, iniciando, em seguida, nova sessão de tiros, com cerca de 30 disparos na direção dos agentes.

Mesmo assim, Jefferson continuou em casa, e só se entregou após sete horas do início da diligência, depois de negociação. De acordo com o Ministério Público Federal, buscas na propriedade encontraram uma arma de fogo de uso restrito, 8.332 munições de usos restrito e permitido e três granadas sem autorização e adulteradas com grandes pedaços de prego.

Preso em Bangu 8
Após se entregar e passar a noite na sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio, Jefferson passou por audiência de custódia no dia seguinte, 24 de outubro, sendo encaminhado ao presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, no Complexo de Gericinó.

O ex-deputado chegou ao presídio à noite, após o desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, confirmar na audiência de custódia, por videoconferência, a prisão dele. O presídio é o mesmo para o qual, no dia 13 de agosto do ano passado, Jefferson já havia sido levado em ação que investiga atos antidemocráticos, na qual ele também é réu.