Número de famílias pobres com dívidas atrasadas tem novo recorde, aponta CNC

Pesquisa revela que 30,3% das famílias brasileiras têm alguma dívida em atraso

Foto: Flipar / R7

Com o aumento do número de pessoas contratadas, as políticas de transferência de renda e a queda da inflação nos últimos meses, a renda das famílias brasileiras disponível aumentou e a proporção de endividados mostrou recuo de 0,3 ponto porcentual em novembro em relação a outubro, levando o índice a 78,9% do total das famílias brasileiras. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 6, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) dentro dos dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Entretanto, conforme a mesma pesquisa, o número de famílias pobres com dívidas atrasadas alcançou nova máxima histórica, de 34,1%, associado ao maior nível de juros em cinco anos. Conforme o estudo, o número de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e casa) avançou 3,3 pontos percentuais na comparação com novembro do ano passado.

Com isso, 30,3% das famílias brasileiras têm alguma dívida em atraso, um avanço de 4,2 pontos percentuais em um ano entre os mais pobres. O número de famílias que informam que não terão condições de pagar suas dívidas subiu de 0,3 ponto percentual, para 10,9%. Em novembro do ano passado, o índice era de 10,1%.

Dos consumidores com até dez salários de renda mensal, 34,1% atrasaram dívidas, a maior proporção da série histórica, iniciada em 2010. Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados, pois os juros altos aumentam as despesas com dívidas.

PIORA O ENDIVIDAMENTO

Na comparação com o ano passado, a piora no nível de endividamento foi mais expressiva entre as mulheres (3,3 pontos percentuais) do que entre os homens (1,9 ponto percentual). O público feminino é atualmente o mais endividado, com 80,7% delas possuindo algum tipo de dívida em novembro. No recorte da faixa etária, a percepção de superendividamento também se acirrou mais entre os consumidores com mais de 35 anos (3,2 pontos percentuais). Aqueles que não conseguiram terminar o ensino médio também formam o grupo em que o nível de endividamento mais cresceu em um ano (3,9 pontos percentuais).

Com isso, cresceu em novembro o volume de consumidores apontando que não pagaram dívidas já atrasadas de meses anteriores: 10,9% do total de famílias. Entre aqueles com menores rendimentos, o indicador manteve trajetória de alta, atingindo 13,4%, pouco abaixo da máxima histórica de 13,9%, observada em agosto de 2020.

Mesmo os consumidores buscando a renegociação, o volume dos que reportaram atrasos na quitação de dívidas atrasadas por mais de 90 dias piorou em novembro. Do total de famílias inadimplentes, 42,5% estão com atrasos acima de 90 dias, 0,6 ponto percentual em relação a outubro e 1,0 ponto percentual comparativamente a novembro de 2021.

RENDA COMPROMETIDA

Além disso, tem chamado a atenção o volume de consumidores com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas. Em novembro, 21,6% do total de endividados estava nessa situação, crescimento anual de 0,8 ponto percentual

Em média, o brasileiro precisou gastar 30,4% de toda a sua renda só para pagar dívidas em novembro, isso sem contar as contas de consumo (água, energia, telefone, gás etc). A proporção de famílias que se consideram “muito endividadas” chegou a 17,5%, alta de 0,2 ponto percentual comparado com outubro e de 2,7 ponto percentual em relação a novembro de 2021.