O comércio gaúcho deverá encerrar 2022 com um crescimento de 3,6% no volume de vendas depois de eventos como Black Friday, Copa do Mundo, Natal e Ano Novo. A projeção é da Federação Varejista do Rio Grande do Sul feita nesta segunda-feira, 05, pelo presidente da entidade Ivonei Pioner. O otimismo de crescimento real não se repete quando projetado o ano de 2023.
“Nossa expectativa é de crescimento real de 0,7% no próximo ano diante as projeções que temos de desaceleração da economia brasileira e gaúcha”, comenta o dirigente. Aliás, Pioner projeta um volume positivo de vendas para o Natal gaúcho a partir de um tíquete médio de R$ 172,00 por presente.
Para o dirigente, o cenário de recuperação de empregos e vendas abaixo do esperado no setor ainda é reflexo dos prejuízos acumulados em 2020 e 2021, a baixa confiança do consumidor e do empreendedor. “O próximo ano nos preocupa. Algumas ações do novo governo que estão sendo postas não agregam”, diz.
Conforme estimativas do economista Allyson Gois feitas para a Federação Varejista do Rio Grande do Sul, o setor manterá o crescimento de vendas em 2023, mas em um ritmo mais lendo que o registrado este ano, fruto da desaceleração projetada para a economia brasileira. Para ele, as maiores quedas devem acontecer em segmentos como veículos, motocicletas e peças, além de móveis e eletrodomésticos, construção civil e material de escritório.
De outro lado, setores mais impactados com as restrições das atividades econômicas deverão ter um crescimento no próximo ano. Entre eles estão livros, jornais, papelaria e revistas, além de combustíveis e lubrificantes. “Existem condicionantes para as perspectivas das áreas de comércio. Entre elas estão a perspectivas de queda da taxa básica de juros, a recuperação da renda das famílias que permita soluções para o endividamento a partir manutenção da queda das taxas de desemprego”, pontua Gois.
Entre as estimativas macro, a federação estima uma taxa Selic de 11,5% ao final do ano de 2023, com a cotação do dólar chegando a R$ 5,25 ao final do período, valor não muito distante das estimativas de outras federações empresariais e do Banco Central. Com isso, a variação do IPCA que representa a inflação anual do país chegará aos 5%, mesmo que acima da meta da inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3%. “Considerando as variáveis macroeconômicas, nossa projeção para a taxa de desemprego é de manutenção em torno dos patamares atuais, interrompendo a tendência de queda”, aponta a estimativa do economista.