Lula quer chefes de Estado aliados para posse, presença de Maduro segue proibida no Brasil

Aliado do presidente eleito, líder venezuelano teve entrada banida em razão de uma portaria editada por Jair Bolsonaro

Carlos Garcia Rawlins/Reuters/direitos reservados

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer todos os chefes de Estado aliados ao Brasil na cerimônia de posse e, para isso, já enviou um comunicado ao Itamaraty em que solicita o convite formal às autoridades. No entanto, um dos convidados, o líder venezuelano Nicolás Maduro está impedido de vir ao país, em razão de uma portaria editada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019.

O documento, assinado pelos então ministros Sergio Moro (Justiça) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), proíbe a entrada no Brasil de “altos funcionários do regime venezuelano”. A justificativa é que o atual regime contraria “princípios e objetivos da Constituição Federal, atentando contra a democracia, a dignidade da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos”.

Para Maduro vir à posse, a portaria precisa ser revogada, o que a equipe de transição de Lula considera improvável. Uma das alternativas estudadas por aliados do petista é a emissão de um salvo-conduto para garantir a entrada do presidente venezuelano no Brasil. O convite a Maduro se estende a todos os chefes de Estado que possuem relação diplomática com o Brasil, conforme o comunicado enviado por Lula ao Itamaraty.

Em 2019, quando Maduro tomou posse, o presidente Bolsonaro indicou apoio à saída do presidente venezuelano, após uma reeleição não reconhecida pela comunidade internacional. O presidente brasileiro reconheceu Juan Guaidó, adversário de Maduro, como presidente da Venezuela.

Na posse de Bolsonaro, em 2018, o governo da Venezuela negou um convite feito por autoridades brasileiras para participar da cerimônia.

No novo governo, Lula quer retomar a aliança com a Venezuela e estreitar os laços com Maduro, como confirmaram interlocutores do petista. Uma das primeiras ações vai ser deixar de reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela. Outra medida prevê reabrir as representações diplomáticas do Brasil em Caracas e no restante do país — elas foram fechadas pelo ex-chanceler Ernesto Araújo.

Pelas redes sociais, Maduro já manifestou alinhamento com o presidente brasileiro eleito. Ele comemorou a vitória de Lula. “Vivam os povos determinados a ser livres, soberanos e independentes! Hoje no Brasil a democracia triunfou. Parabéns, Lula! Um grande abraço!”, publicou Maduro em 30 de outubro.