MP busca reverter decisão que soltou investigados por morte de secretário de Saúde de Bom Progresso

Apontados pela Polícia Civil como mandantes do crime, vice-prefeito Maicon Leandro Vieira Leite (PDT) e o ex-candidato Cloves Oliveira (PSB) estão em liberdade desde novembro

Maicon Leandro Vieira Leite e Cloves Oliveira são apontados como mandantes do crime. Foto: Redes Sociais / Reprodução

Uma fonte junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul confirmou à Rádio Guaíba, nesta quinta-feira, que o Ministério Público do Estado tenta reverter a soltura do vice-prefeito de Bom Progresso, Maicon Leandro Vieira Leite (PDT), e Cloves Oliveira (PSB), ex-candidato ao Executivo municipal, apontados pela Polícia Civil como mandantes do assassinato de Jarbas David Heinle, então secretário de Saúde e filho do prefeito da cidade. Os suspeitos já haviam sido denunciados pelo órgão por homicídio duplamente qualificado.

O recurso do MP contesta a decisão da Justiça que permitiu que Maicon e Cloves fossem soltos, no último dia 7 de novembro, após expirado o prazo de prisão temporária.  O documento, que tramita em segredo de Justiça, enfatiza a necessidade de que os acusados permaneçam presos durante o processo, pois há temor de que as testemunhas sejam coagidas.

A peça também se apoia no relatório da Polícia Civil, que concluiu que o crime teve motivação política. O texto menciona que o ex-secretário de Saúde de Bom Progresso sentia-se ameaçado por Cloves Oliveira e temia que o ex-candidato do PSB planejasse a morte dele.

O recurso está distribuído ao desembargador Luciano André Losekan. O magistrado já havia negado, em outubro, os Habeas Corpus dos acusados quando eles estavam presos temporariamente.

Segundo investigações, o vice-prefeito e Cloves teriam contratado Sérgio Ribeiro dos Santos e Matheus Gabriel Miller para assassinar o ex-secretário, filho do atual prefeito, Armindo David Heinle (PP), e tido pelos suspeitos como detentor de grande influência política na região.

Apesar de terem concorrido em chapas opostas, nas eleições de 2020, Maicon e Cloves teriam formado uma aliança velada para comandar Bom Progresso após os próximos pleitos. A suposta influência política da vítima seria um empecilho aos planos da dupla.

Apenas um suspeito permanece preso

Sérgio é o único suspeito que permanece detido por envolvimento no crime. Ele está preso, preventivamente, uma vez que teria organizado o crime. Matheus, apontado como o autor dos disparos, está foragido.

Segundo as investigações, Sérgio contratou o atirador e estava presente durante o crime. Ele teria recebido R$ 30 mil e uma carta de emprego, enviada a mando de Cloves, para sair temporariamente do sistema prisional, onde cumpria pena por roubo. Ele também teria recebido a promessa de um cargo na prefeitura com salário de R$ 3 mil.

Suposto autor dos disparos, Matheus, que também tem passagens por roubo, teria recebido R$ 20 mil para assassinar a vítima. Na época do crime, ele estava solto em regime condicional, sem tornozeleira, devido à falta do equipamento em delegacias da região.

Matheus Gabriel Müller Merel está foragido. Foto: Redes Sociais / Reprodução

Relembre o crime

Na noite de 10 de setembro, pouco após chegar à residência em que vivia junto com a esposa, o ex-secretário foi baleado por Matheus, que havia se escondido no galpão da casa para cometer o crime. Após os disparos, o atirador fugiu, acompanhado por Sérgio.

Atingido no peito e no rosto, Jarbas chegou a ser socorrido pela mulher e levado a um hospital da região, mas não resistiu.