Fecomércio-RS traça cenário positivo na economia para o próximo ano

Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Luiz Carlos Bohn. no entanto, chamou a atenção para sinalizações que causam alguma apreensão

Crédito: Alina Souza/Correio do Povo

O cenário para 2023 é de avanços e boas notícias. Esta foi a projeção feita pela Fecomércio-RS durante perspectivas econômicas feitas em reunião-almoço nesta quinta-feira, 01. Boa parte do encontro foi marcado por destaques sobre o cenário atual e dúvidas com relação ao futuro da economia brasileira para o próximo ano. “Temos um cenário de melhora na economia. No entanto, teremos um ano de desafios, impostos tanto pelo cenário internacional quanto pelas decisões de política econômica do Governo Federal, cujas sinalizações, confesso, nos causam alguma apreensão”, comentou o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Luiz Carlos Bohn.

Conforme projeção feita pelo consultor econômico Marcelo Portugal a economia mundial não vai bem em 2023, principalmente por relevantes mercados como China, Estado Unidos e relevantes mercados europeus. “O mercado global não terá um bom desempenho no ano que vem. Como o Brasil faz parte disso, as perspectivas também não são as melhores para nós”, diz o economista.

CENARIO PARA 2023

As perspectivas para 2023 da área econômica da entidade indicam um crescimento de 1,3% para o PIB nacional, bem abaixo da estimativa do indicador para o Brasil, que poderá chegar a 5,1%. Já a inflação deverá chegar ao patamar de 5,1%, abaixo da estimativa para este ano, próximo dos 6%. Os juros Selic devem se manter próximos dos 13% na média do ano, para um câmbio de R$ 5,55. “O comércio deverá atingir um crescimento de 2,5% nas vendas, enquanto a área de serviços deverá ter um desempenho de 3% positivo”, diz Portugal.

Ele chamou a atenção para o fato das estimativas ainda não considerarem o condutor da economia no governo eleito nem a definição sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos benefícios e os efeitos no rombo das contas públicas. Considerando todas as promessas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha – Auxílio Brasil, reposição do salário mínimo, reajuste da tabela do Imposto de Renda, isenções e desonerações – as despesas somam R$ 122,9 bilhões para uma queda de R$ 159 bilhões em receitas.

“O furo no teto de aproximadamente de R$ 200 bilhões eu considero descabido. Em quatro anos o presidente Jair Bolsonaro acumulou um furo no teto de R$ 119,8 bilhões e não o que vem sendo dito por aí”, comenta.

CENÁRIO ATUAL

Portugal destacou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que será o maior em quatro anos e comparado com governos anteriores ao do presidente Jair Bolsonaro. O consultor econômico da Fecomércio-RS projeta um crescimento 2,8% para o indicador. Analistas do mercado financeiro ouvidos no último relatório Focus do Banco Central, projetam também alta de 2,1% este ano, enquanto o governo Federal estima alta de 2,7%. Para o próximo ano, o Focus projeta alta de 0,7%, enquanto o governo reduziu a previsão de crescimento para 2023, de 2,5% para 2,1%.

“Os dados atuais do PIB estão 1,4% acima de 2014, mas PIB per capita ainda é menor”, comentou Portugal. O consultor também destacou o desempenho da geração de emprego, que chegou a 8,3% no trimestre móvel de agosto a outubro de 2022, um recuou 0,8 ponto percentual na comparação com o trimestre de maio a julho de 2022 (9,1%) e 3,8 pontos percentuais frente ao mesmo período de 2021 (12,1%). Entretanto, o consumo das Famílias subiu 1%, e as despesas de consumo do governo cresceram 1,3%.

O economista alertou ainda, positivamente, sobre a arrecadação de tributos e contribuições federais. Dados da Receita Federal fechou o mês de outubro com R$ 205,4 bilhões, um aumento real de 7,97% na comparação com o mesmo mês de 2021, a maior elevação em 28 anos. Em relação a setembro deste ano, houve aumento real de 22,84% no recolhimento de impostos.

Marcelo Portugal destaca a preocupação com o endividamento das famílias. Dados da Fecomércio-RS indicam que o volume de famílias com contas em atraso chega a 36,8%, embora já tenha sido de 40,6% em junho/julho. Conforme Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em setembro deste ano o total de lares brasileiros com dívidas a vencer chegou a 79,3%, o terceiro aumento consecutivo em 2022.