Caso Seu Jorge: depoimento de dois músicos da banda do artista é transferido

Investigação que busca identificar os autores dos ataques racistas contra o cantor segue sem prazo para conclusão

Foto: Edu Deferrari / Divulgação / CP Memória

Os depoimentos de dois músicos que compõem a banda do cantor Seu Jorge, alvo de ataques racistas durante show realizado em outubro, em Porto Alegre, foram remarcados para a próxima segunda-feira. Conforme a titular da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre, delegada Andrea Mattos, a transferência de data se deu em razão de um desencontro de agendas, tanto das testemunhas quanto da polícia.

Até o momento, 15 pessoas foram ouvidas pela delegada em mais de um mês de investigações. Entre os depoimentos coletados, o do próprio Seu Jorge, que falou em 26 de outubro e negou ter ouvido as ofensas, e o do presidente do clube Grêmio Náutico União (GNU), Paulo Bing, onde ocorreu a apresentação, em outubro.

Testemunhas que já confirmaram as ofensas dizem que integrantes da platéia chamaram o artista de “nego vagabundo” e “nego preguiçoso”. De acordo com a delegada, alguns depoentes ouviram essas manifestações “claramente”.

Além das oitivas, a delegada aguarda, ainda, a conclusão dos trabalhos da perícia em imagens mostrando o público de frente. Assim, conforme Andrea Mattos, pode ser possível identificar os autores dos atos de racismo.

Por conta disso, a investigação segue sem previsão para ser concluída.

Relembre o caso

No dia 14 de outubro, Seu Jorge realizou uma apresentação no Clube Grêmio Náutico União. Os ataques começaram após uma manifestação do cantor contra a redução da maioridade penal, defendida pelo presidente e então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). No discurso, Seu Jorge fazia referência à defesa de jovens negros de comunidades pobres ao justificar o posicionamento.

Após o término do final de semana, o músico se pronunciou sobre o caso e lamentou o ocorrido através de um vídeo, que dias depois deletou de uma rede social.