A indústria gaúcha apresenta uma forte deterioração da atividade industrial em outubro, com a primeira queda do emprego em 28 meses e acúmulo de estoques e, volta do pessimismo. Conforme a Sondagem Industrial do Rio Grande do Sul de outubro, divulgada nessa segunda-feira, 21, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS).
O índice de produção atingiu 49,6 pontos e, a segunda queda consecutiva, em relação a setembro. O resultado, porém, é bem mais negativo se considerado a sazonalidade positiva do mês. “A atividade começa a sofrer os impactos da indefinição com relação ao futuro da política econômica do País. A falta de uma sinalização das políticas públicas que serão adotadas para a continuidade do crescimento e modernização da economia brasileira traz desconfiança e adia as decisões de investimento e consumo”, comenta o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Entretanto, conforme o dirigente, não apenas isso, mas o cenário internacional também começa a ficar desfavorável, o longo conflito entre Rússia e Ucrânia, a política de ‘covid zero’ da China e o aumento dos juros nos Estados Unidos são indícios de uma desaceleração à frente.
O índice de emprego caiu no período, atingindo 49,5 pontos, mostrando um desempenho compatível com a sazonalidade do mês, mas que interrompeu a inédita sequência de 27 meses de crescimento. No mesmo sentido, a utilização da capacidade instalada (UCI) recuou, de 73%, em setembro, para 71%, em outubro, ficando abaixo da média histórica do mês de 72,3%. Esse resultado foi confirmado pelo índice de UCI em relação a usual, que repetiu o valor de setembro, 46,3 pontos. Inferior a 50, aponta que os empresários gaúchos consideram a UCI abaixo do normal para o mês.
Além da fraca atividade, o acúmulo de estoques de produtos finais foi outra notícia bastante negativa de outubro. O índice em relação ao planejado atingiu 55,2 pontos, o maior valor desde fevereiro de 2015, o que significa estoques bem além do esperado pelas empresas.
EXPECTATIVAS
As expectativas dos empresários gaúchos para os próximos seis meses foram impactadas para baixo na pesquisa realizada entre 1º e 10 de novembro, com 204 empresas – 52 pequenas, 66 médias e 86 grandes. Todos os índices passaram da faixa positiva, em outubro (acima de 50), para a negativa, este mês, o que não ocorria desde junho de 2020 por conta da pandemia. Os empresários passaram a projetar quedas para demanda (48,4 pontos), para o emprego (48,9 pontos), para as compras de matérias-primas (48,7 pontos) e para as exportações (48,4 pontos).
Com a retorno do pessimismo à indústria gaúcha, o índice de intenção de investir do setor acabou seriamente afetado e sofreu a maior queda, 8,5 pontos, desde abril de 2020, passando dos 57,9 de outubro para os 49,4 pontos de novembro, indicando uma baixa intenção. Em novembro, apenas pouco mais da metade das empresas, 50,5%, mostravam disposição de investir nos próximos seis meses. Em outubro, eram de 61,9%.